Mediunidade, cada um com a sua




Mediunidade, cada um com a sua

Nasci numa família de católicos. Alguns mais, outros menos comprometidos com a fé cristã.

A igreja para mim, quando criança, era questão de respeito, por um lado, e de diversão por outro porque era na igreja que eu encontrava meus amigos.

Fé para mim, naquela ocasião, era um sentimento desconhecido mesmo frequentando a igreja e “ouvindo” os sermões, mesmo acompanhando as rezas de minha mãe.

A medida que fui crescendo, porém, fatos “assustadores” começaram a acontecer. Lembro-me da minha primeira visão aos nove anos de idade e de um fato não menos “assustador” ocorrido na manhã seguinte a essa visão.

Falei com minha mãe sobre o assunto, porém, a resposta que obtive me deixou ainda mais inquieta e amedrontada. Não se pode culpar alguém por não conseguir nos ajudar nessas horas, mesmo porque nem todos compreendem e aceitam a mediunidade.

O tempo se encarrega de nos impulsionar para que busquemos as respostas sobre os fenômenos que nos acontecem, além do tempo, Deus nos aproxima de pessoas que podem nos ajudar.

As visões continuaram e resolvi então, na pré adolescência, contar a uma tia, umbandista praticante na época, sobre os fenômenos. Ela me tranquilizou e esclareceu como pôde sobre mediunidade. Baseou-se em sua experiência de médium umbandista para tanto.

Uma das mais belas visões que tive, aos nove de idade, foi a de uma mulher vestida de azul. Seu vestido era esvoaçante, leve, seu rosto muito bonito e seus cabelos negros e longos eram lindos. Ela fazia movimentos suaves com as mãos. 
Ao contar à minha tia sobre essa visão, ela me disse se tratar de Iemanjá. Desde então nunca mais em minha vida parei de sonhar com o mar.

Foram muitas visões, umas boas, outras nem tanto.

A Umbanda sempre me encantou, porém, o curso normal de minha vida não permitiu que à religião eu me dedicasse. O trabalho e os estudos preenchiam todo o meu tempo, muito embora, vez ou outra, eu me aproximasse de algum terreiro como visitante apenas e, nessas ocasiões, as entidades que me atendiam falavam sobre a mediunidade que eu “precisava” desenvolver, mas, como sempre, o tempo era curto e fui vivendo sem cuidar devidamente deste lado espiritual. Naturalmente que essa falta de cuidado, de alguma forma, me perturbava.

Uma das maiores consequências que enfrentei devido à minha negligencia foi o medo. Hoje sei que o medo alimenta pura e simplesmente os espíritos que gostam de brincar e que estão numa condição temporária de falta de esclarecimento e maturidade, mas, na época, e por um longo tempo de minha vida eles conseguiram me amedrontar, mesmo porque eu, assim como eles, não tinha base segura de esclarecimento/conhecimento espiritual.

Além das visões, diálogos entre pessoas estranhas me vinham ao pensamento, chegando a formar pequenas histórias. Hoje penso que esses diálogos curtos já anunciavam a tarefa de escrever que abracei, porém não sem antes ter lido e estudado por algum tempo.

Como já mencionei, Deus nos aproxima, através de seus mensageiros, de pessoas que podem nos ajudar em vários aspectos de nossa vida, mesmo que não percebamos. No meu caso, Ele me aproximou da pessoa que tinha recursos para me ajudar não apenas com o lado espiritual, mas com uma nova maneira de encarar a vida e seus obstáculos.

Essa pessoa, a quem muito devo do que sei e do que sou, é meu companheiro e pai da filha maravilhosa que Deus nos confiou. Foi ele quem me incentivou a escrever e quem me apresentou à Doutrina Espírita. Doutrina que muito me ensinou e ainda ensina.

Participei de estudos e me dediquei à leitura não apenas das obras de Kardec, mas de toda boa obra que pudesse me trazer mais informações sobre as questões da alma. Na casa espírita me envolvi em trabalhos diversos, mas o que me aproximou da psicografia intuitiva foi o trabalho mediúnico. Foi ainda no trabalho mediúnico que reencontrei meus velhos amigos espirituais da Umbanda, contrariando assim a opinião de muitos que creem não ser possível a união fraterna entre as duas religiões no sentido de colaboração.

O trabalho mediúnico Kardecista me reaproximou dessas entidades tão queridas e iluminadas e de Pai Inácio que me intuiu a escrever sua história.

Por questões íntimas, e sob a orientação do mentor indiano Shàa, me desliguei da casa espírita e segui na Umbanda.

Minha experiência como médium de Umbanda no começo foi difícil, depois segui naturalmente e hoje posso dizer que meu coração não está e nunca esteve dividido entre o Espiritismo e a Umbanda, pois é a razão do espiritismo e a emoção da Umbanda que o fazem bater de forma equilibrada.

Mediunidade, cada um com a sua, título desta mensagem, tem por objetivo tão somente colaborar com quem ainda não se encontrou nesse caminho e está vivendo experiências semelhantes às minhas.

Talvez esse despretensioso relato possa ajudar alguém a encontrar seu tipo de mediunidade e o melhor caminho a seguir para desenvolver e aprimorar seu dom sem medo, preconceito e principalmente, sem ilusão.

Deixo uma dica: Estudo, disciplina e trabalho, são ferramentas adequadas disponíveis a todos os médiuns que busquem seguir o caminho da mediunidade de maneira séria e segura.

Anna Pon
19.06.2010


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