A Umbanda é uma religião monopoliteísta





A Umbanda é uma religião monopoliteísta

A Umbanda é uma religião que fala de Deus, mas que cultua muitos Orixás.

Alguns desavisados, saem por ai dizendo que Umbanda é paganismo, dizem que Umbanda é politeísmo.

Vamos entender que paganismo foi uma palavra criada para que a igreja identificasse aqueles que não são Católicos – ser Católico ou não, nem entra em questão aqui.

A palavra pagão, hoje em dia, é usada por alguns Católicos para dizer:

 “Nossa, essa criança não foi batizada, então, ela é pagã”.
 “Que perigo, a criança não foi batizada ainda”.

Esse é um conceito criado dentro do Catolicismo porque o Espírita não batiza, o Judeu não batiza, o Islã não batiza, não faz batismo, então, temos que repensar alguns valores.

 A Umbanda tem ritual de batismo, mas não deve incutir o medo de que a criança está pagã, pois isso é uma bobagem.

 Esse é um dos medos criados e cultivados dentro do seio da igreja Católica e um dos medos que ficou incutido no inconsciente daquele que em algum momento da vida foi Católico. A gente tem que estudar para vencer esses medos.

A fim de salvar esses conceitos e concepções e para salvar o estudo da religião foram criadas outras palavras. O próprio Allan Kardec na obra  “O Livro dos Espíritos”, critica o panteísmo. Kardec diz que panteísmo não é uma forma de religião. Kardec afirma que panteísmo é um absurdo, crer que todas as coisas são Deus, é absurdo, segundo ele, mas essa é a crença do panteísmo.

Hoje estão surgindo novas palavras para identificar novas concepções, uma dessas palavras para identificar novos sistemas religiosos ou novas identificações para velhos sistemas religiosos, é:
 “panenteísmo”.

Panenteísmo quer dizer: não que todas as coisas são Deus, mas que Deus está em todas as coisas.

 Podemos dizer que a Umbanda é panenteísta quando crê que Deus está nos rios, nas matas, na cachoeira, no mar, no céu, na terra, no fogo, na água, Deus está em todos os lugares, de certa forma nós fomos um pouco panenteístas. Mas, somos monoteístas porque cremos em um único Deus, o mesmo Deus de todas as religiões, este é o nosso Deus. Não importa qual é o seu nome, somos monoteístas, mas também foi criada uma nova palavra para identificar àqueles que acreditam num único Deus junto de muitas divindades, a palavra é: “monopoliteísmo”.


De alguma forma nós somos, nos consideramos monoteístas, mas temos uma forma de monopoliteísmo porque cremos num único Deus que também se manifesta por meio de muitas divindades.

Esses são estudos e curiosidades acerca da religião de Umbanda, estudo sobre os sistemas religiosos. O mais importante é entender que acima de qualquer classificação Umbanda é uma religião. Umbanda preenche todos os requisitos aos quais se define uma religião.

Um sociólogo chamado “Max Weber” diz: “A diferença entre religião e magia é que magia você pode praticar de forma solitária e religião é algo que você pratica em comunidade”.

 A Umbanda é uma religião que preenche todos os requisitos de religião, a Umbanda possui ritual, possui doutrina, liturgia, Teologia, a Umbanda é praticada em comunidade.

 A Umbanda é uma religião urbana e muitos ainda não se deram conta disso, também é uma peculiaridade, embora o local ideal para praticar Umbanda seja na natureza, podemos afirmar que a natureza é o verdadeiro Templo da religião de Umbanda, levando em consideração ainda que cada um de nós é um Templo vivo.

Toda prática da religião é feita em Templo material, a prática de Umbanda é feita em Tendas de Umbanda, Terreiros de Umbanda, Centros de Umbanda, Igrejas de Umbanda, Núcleos de Umbanda, onde o Templo é construído para receber uma comunidade, para receber um corpo de médiuns, onde inclusive existem técnicas de construção desse Templo, que pode ser um salão ou uma casa alugada que será: imantado, consagrado, cruzado, para que o espaço profano que é um salão ou uma casa se torne um espaço sagrado, se torne um Templo.

No Templo é construído um altar e não são todas as religiões que constroem altar. O Islã em suas mesquitas não constrói altar, cada mesquita do Islã é um local de encontro para que as pessoas rezem voltadas para Meca, não tem altar.

No Judaísmo, as casas religiosas que a gente chama de “Templo”, por uma convenção, também são locais de reza e de estudo.

A Umbanda como poucas religiões é uma daquelas que tem altar, o nosso altar é um altar, essencialmente, Católico.

A maioria dos altares de Umbanda é construído com imagens Católicas, mas não obrigatoriamente. Há altares de Umbanda que tem apenas a imagem de Cristo, há altares de Umbanda que tem apenas velas, há altares de Umbanda que tem apenas velas, pedras, símbolos, signos ou pontos riscados, da mesma forma que temos um altar, temos uma tronqueira.

Temos uma estrutura de Templo, na religião de Umbanda que se define como uma estrutura templária, algo dentro do universo urbano e por meio dessa estrutura templária se dá o tempo em que as coisas devem acontecer lá dentro, ou seja, o ritual diz como as coisas devem acontecer nesse Templo, como as pessoas se movimentam nesse Templo, como se separa, qual é a posição do sacerdote, do corpo mediúnico, como separar esse corpo mediúnico dos consulentes que vem no Terreiro de Umbanda tomar um passe, uma consulta. E, peculiaridade, a Umbanda é uma religião universalista, ela recebe adeptos de todas as religiões para serem seus frequentadores, a Umbanda não obriga ninguém a se converter para frequentá-la como consulente.

A Umbanda trabalha com espíritos que em outras encarnações pertenceram a outras religiões também, então, Umbanda é uma religião única e tem fundamento próprio e tem a sua forma de ser.

A explicação para tudo isso está principalmente no modelo de construção do ritual de Umbanda. 

 A religião de Umbanda nasceu no momento que foi idealizado o seu ritual pela primeira vez, naquele que foi o primeiro Templo da religião de Umbanda.

Umbanda é uma religião, portanto, só pode praticar única e exclusivamente o bem.

E que isso se repita muitas vezes até que as pessoas comecem a associar quem não é Umbandista começando, de alguma forma, a associar Umbanda como a prática do bem, pois também é definida: praticar Umbanda é fazer o bem sem olhar a quem.

Anna Pon
25.11.2014

(Texto baseado no Curso de Teologia de Umbanda Sagrada – Desenvolvido por Rubens Saraceni – Ministrado por Alexandre Cumino)


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