Umbanda – Como tudo começou -
Zélio Fernandino de Moraes em reunião na Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade
Umbanda – Como tudo começou
O médium Zélio F. de Moraes fundou a Umbanda, mas, recebeu da espiritualidade, as diretrizes que viriam a formar o ritual.
O Caboclo das Sete Encruzilhadas e posteriormente, Pai Antonio, foram as entidades que estabeleceram, através da mediunidade de Zélio, as diretrizes para que o ritual de Umbanda pudesse se estabelecer.
Por ser de família católica, Zélio conservava, em casa, imagens de Santos que foram aproveitadas para que se construísse o primeiro altar de Umbanda.
Com muita simplicidade, esse altar foi construído e, conserva até hoje, no topo, a imagem de Nossa Senhora da Piedade, além de mais Santos Católicos.
Diante desse singelo altar, todos rezavam antes dos trabalhos.
Com o passar do tempo, Pai Antonio estabeleceu, dentro do ritual, o culto aos Orixás.
O ritual de Umbanda, a partir daí, começou a tomar forma. As incorporações aconteciam e, os médiuns, incorporados, passaram a atender as pessoas que ali, na Tenda, iam em busca de ajuda.
Pai Antonio foi a entidade que introduziu, ao ritual de Umbanda, o uso das guias e o cachimbo. Com o passar do tempo os Caboclos começaram a usar os charutos e a manipular outros elementos.
As vestes brancas dos médiuns, a essas alturas, já haviam sido recomendadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas além da reserva de área para que os consulentes se sentassem a fim de aguardar o atendimento.
Nascia a sequencia ritualista de Umbanda com a abertura dos trabalhos feita com orações, defumação, sob as orientações do Caboclo das Sete Encruzilhadas e de Pai Antonio na residência da família de Zélio constituída como “Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade”, que existe até hoje.
Até 1918 só havia a religião de Umbanda na Tenda de Zélio de Moraes.
Em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas deu para Zélio de Moraes a missão de fundar mais sete Tendas de Umbanda sob a sua responsabilidade, de Zélio e do Caboclo das Sete Encruzilhadas.
No ano de 1918, a Umbanda começa a se expandir pelo Rio de Janeiro e depois na década de 20, a Umbanda começa a surgir em outros Estados.
Zélio criou e fundou além da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade mais sete Tendas para o Caboclo das Sete Encruzilhadas sob o direcionamento e sob o comando de outros dirigentes espirituais preparados por ele mesmo, por Zélio.
E foi assim fundada: a “Tenda Nossa Senhora da Guia” - comandada pelo Sr. Durval, a “Tenda Nossa Senhora da Conceição”, comandada por Leal de Souza, a “Tenda Santa Bárbara” - comandada por João Aguiar, a “Tenda São Pedro” - comandada por José Meireles, a “Tenda Oxalá” - comandada por Paulo Lavois, a “Tenda São Jorge” - comandada por Severino Ramos e a “Tenda São Jerônimo” - comandada por Capitão Pessoa.
Essa foi, portanto, a primeira fase da religião de Umbanda, que nasceu na Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, a partir de Zélio de Moraes da Tenda Mãe, da Casa Mãe é que surgem as primeiras Tendas de Umbanda ainda ali no Rio de Janeiro e no momento em que Zélio começa a expandir, o astral começa a preparar outras pessoas também para multiplicar a religião de Umbanda além de Zélio de Moraes.
A “Tenda Espírita Mirim”, fundada por Benjamim Figueiredo em 1924, foi uma das tendas que a expansão da Umbanda promoveu.
Benjamim Figueiredo também passou pela Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, vindo de uma família Espírita, conheceu a Umbanda por meio de Zélio de Moraes, foi desenvolvido por Zélio de Moraes e em 1924 ele funda a Tenda Espírita Mirim que se torna uma referência da religião de Umbanda, se torna também uma referência da religião de Umbanda nesse período inicial.
A Tenda Espírita Mirim é um templo grande, fica na cidade do Rio de Janeiro e existe até os dias atuais.
Para que tivesse chegado a essa grande estrutura, teve o apoio da espiritualidade. Do Caboclo Mirim, mais especificamente que anunciou aos médiuns, que os recursos para que a tenda fosse erguida chegariam.
Alguém, brincando, perguntou ao Caboclo se tais recursos “cairiam” do céu, ao que ele respondeu que sim, que eles cairiam sim do céu.
Passado um tempo, um consulente assíduo da Tenda, estrangeiro, num dia de muita chuva na cidade, disse à família responsável pela tenda, que viajaria e que não confiava em deixar seu dinheiro no banco, deixou uma boa quantia com a família e nunca mais voltou para reaver o dinheiro, dessa forma, a quantia foi usada para a concretização do grande templo que se tornou a Tenda.
A partir da Tenda Espírita Mirim surgiu uma das grandes Federações de Umbanda.
Zélio também fundou uma pequena Tenda chamada “Cabana de Pai Antônio” que fica em Boca do Mato e é onde hoje está localizada a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.
Zélio de Moraes era um médium inclusive de efeitos físicos, de cura, a especialidade de Zélio, do Caboclo das Sete Encruzilhadas e Pai Antônio era curar loucura, talvez porque Zélio tenha sido dado como louco também.
Alguns médicos de um hospício levavam ao Caboclo das Sete Encruzilhadas uma lista de nomes e o Caboclo dizia quem tinha a doença biológica e quem estava sendo obsedado ou tinha desequilíbrio espiritual e esses eram levados para se curarem dentro do trabalho do Zélio de Moraes.
Há situações de cura incríveis na história de Zélio, situações registradas na literatura, por jornais. Zélio foi chamado certa vez por um pai desesperado para olhar sua filha que tinha sido dada como morta pelos médicos. Zélio de Moraes se juntou com sete médiuns e foi na casa dessa família olhar uma pessoa que já estava morta.
Ao que consta, Zélio entrou com sete médiuns no quarto onde ela estava morta, clinicamente morta e ali, depois de algumas horas trabalhando, quando ele saiu do quarto a menina estava viva.
Isso não é uma lenda, isso não é um mito. Isso é uma passagem, é um fato histórico registrado por Leal de Souza no seu livro “No Mundo dos Espíritos”, registrado em jornal na época e Zélio tinha uma metodologia que fugia a todos os padrões.
Existe uma gravação dele que diz que incorporado de Caboclo, Zélio de Moraes colocou Benjamim Figueiredo no ombro, fundador da Tenda Espírita Mirim, e correu com ele numa praia, Zélio de Moraes estava incorporado, jogou Benjamim dentro da água e Zélio entrou na água – Detalhe: Zélio de Moraes não sabia nadar – e Zélio incorporado entra no mar com Benjamim, dá-lhe um banho de mar, tira ele do mar, joga ele no chão e diz: “Pronto. Você está pronto pra trabalhar com o Caboclo Mirim”, e Zélio diz: “Foi assim que terminou que foi feito o desenvolvimento mediúnico de Benjamim”.
Há casos super peculiares na história de Zélio de Moraes.
Um deles também conta que Severino – Severino dirigente da Tenda São Jorge – era alguém totalmente cético, no dia que visitou Zélio de Moraes em Boca do Mato e Zélio também estava incorporado, próximo a um rio, que é o rio que corre ali do lado da Tenda em Boca do Mato, Zélio de Moraes incorporado pegou uma pedra e tacou essa pedra na cabeça de Severino que não estava acreditando em nada do estava vendo ali, tacou a pedra.
Severino caiu desmaiado dentro do rio, as pessoas todas correram para lhe acolher, para tirá-lo de dentro do rio e Zélio incorporado, a entidade que estava incorporada em Zélio disse: “Não toquem nele”.
Severino se levantou e saiu do rio, já estava incorporado de Ogum Timbiri que seria o chefe espiritual do Terreiro, a Tenda Espírita São Jorge.
Assim foi feito o desenvolvimento desse médium chamado Severino.
Leal de Souza era um Espírita convicto, ao conhecer o trabalho de Zélio de Moraes e ver Zélio curar loucos, Leal de Souza também se rende a Umbanda.
Ele era intelectual, escritor e conheceu Zélio de Moraes porque estava fazendo um trabalho de pesquisa em vários Centros Espíritas a fim de publicar o resultado dessas pesquisas em jornal e escreveu um livro chamado “No Mundo dos Espíritos”.
Leal de Souza foi uma grande colaboração para a religião de Umbanda.
Capitão Pessoa, dirigente da Tenda São Jerônimo, dizem que no dia que entrou na Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, Zélio de Moraes já tinha fundado seis Tendas e faltava fundar a Tenda de número sete, faltava fundar a Tenda de São Jerônimo, dizem que no dia que Capitão Pessoa entrou na Tenda Nossa Senhora da Piedade, ninguém o conhecia, ninguém sabia quem ele era e o Caboclo das Sete Encruzilhadas falou:
“Acabou de chegar aquele que será o dirigente espiritual da Tenda Espírita São Jerônimo”.
São histórias sobre Zélio de Moraes no mínimo curiosas, algumas engraçadas, mas histórias muito fortes.
Em determinada época, conta Mãe Zilméia, filha carnal de Zélio, que um delegado de polícia estava fechando todos os Terreiros de Umbanda, esse delegado ia aos Terreiros e os fechava.
Na época os Terreiros eram fechados por serem considerados trabalhos de curandeirismo ou de charlatanismo.
Os Terreiros vinham sendo fechados por esse delegado que sistematicamente visitava, entrava e fechava.
Mãe Zilméia disse que ela ainda era uma jovem adolescente no dia que esse delegado bateu na porta do Terreiro, da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, Zélio de Moraes estava incorporado de Pai Antônio e Mãe Zilméia, então, uma criança ainda, chegou ali e falou:
“Pai Antônio, está aí aquele delegado que vem fechando todas as Tendas de Umbanda”, então, Pai Antônio diz a ela:
“Deixe ele entrar minha filha, diga a ele que venha conversar comigo”.
Ela conta que o homem era enorme, era grande e que esse enorme homem, então, chegou ali de frente para o Preto Velho e na hora que ele parou na frente do Preto Velho, de Pai Antônio, esse homem desmaiou, caiu duro no chão e Pai Antônio disse:
“Deixa ele aí, não mexa com ele”, depois de um tempo o homem acordou, conversou com Pai Antônio, se rendeu a Umbanda, se tornou Umbandista e frequentador daquele Terreiro.
São no mínimo histórias muito curiosas.
Anna Pon
28.11.2014
(Texto baseado no Curso de Teologia de Umbanda Sagrada – Desenvolvido por Rubens Saraceni – Ministrado por Alexandre Cumino)
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