Umbanda e Energias




Umbanda e Energias

Tudo o que existe é energia e tem magnetismo, vibração e onda, inclusive a matéria.

Existem ondas no mar, nos rios, na nossa voz. Algumas vemos, outras não, porém sabemos que existem.

As ondas do rádio não podem ser vistas e só são ouvidas se  um aparelho captar a onda, decodificando-a e transformando-a em informação.

O mundo material e espiritual que conhecemos é sustentado e mantido por ondas vibratórias, por energia pura, por pura vibração.

Para nós, que cremos em Deus, toda a energia, onda e vibração foram criadas por Ele e N’Ele se mantêm.

Os Orixás estão em Deus. Eles são a manifestação e a individualização de Deus para a criação, não apenas para os seres humanos, são sustentadores, mantenedores de toda a criação.

 O que é magnetismo? É o campo que se forma em torno de algo que tem energia.

Nem sempre conseguimos ver a energia, algumas forças magnéticas são mais visíveis do que outras, por exemplo, é mais fácil ver e identificar o campo de magnetismo que existe em torno de um imã, mas, cada um de nós também tem um campo magnético.

O aparelho de ressonância magnética, por exemplo, consegue fazer uma varredura do nosso corpo, scanear o nosso corpo a partir do nosso magnetismo.

Os nossos Orixás, as nossas Divindades, são cocriadores e mantenedores de toda essa estrutura energético magnética.

Quando elevamos nossos pensamentos a Deus e a Oxalá, sentimos a energia de Oxalá,  sentimos a vibração de Oxalá. Somos envolvidos pelas
ondas congregadoras de Oxalá que tem a função de congregar, desempenha a ação congregadora.

Ao elevarmos os nossos pensamentos a Oxum, “senhora do amor”, “das cachoeiras”, “do coração”, sentimos outra energia e a energia de Oxum se sente no chakra cardíaco.

A energia de Oxalá sentimos na coroa. São energias sentidas em lugares diferentes porque o nosso corpo tem vórtices de energia chamados “chakras”.

No chakra da coroa eu sinto uma energia, no chakra frontal eu sinto outra, no laríngeo outra, no cardíaco outra, que são energias, vibrações, magnetismo.

 Energia, vibração e magnetismo da Fé sentimos no chakra coronário, da coroa, onde vibra Oxalá.

 Energia, vibração, onda, magnetismo do Conhecimento, eu sinto no frontal: o Conhecimento de Oxossi.

A Lei, a ordem, a determinação de Ogum sinto no laríngeo, o Amor, de Oxum, no cardíaco, a Evolução de Omolu no esplênico. Justiça, de Xangô, o fogo, no umbilical que é o caldeirão e a Geração de Yemanjá no básico.

Sentimos isso em nós, a energia dos Orixás, e cada um tem a sua onda, o seu fator. Oxalá é congregador, eu sinto onda congregadora, fator congregador.

Oxum tem onda agregadora, fator agregador, verbo agregar, função agregadora, mas não apenas agregadora também é conceptiva, não apenas conceptivas muitas outras funções ela possui.

 Assim como Oxóssi é expansor.
Oxóssi é o “senhor das matas”, é o “rei das matas”, é “o caçador”, é o que vai buscar e é o Trono de Deus que gera a Onda Expansora.

 Xangô gera a Onda Equilibradora.

 Ogum gera a Onda Ordenadora.

O que isso quer dizer? Que na base da criação é a onda fatoral de Ogum, a ordenadora, que dá a ordem para todo o universo. É a Onda Fatoral Equilibradora de Xangô que traz equilíbrio para o universo, porque essas são as ondas que estão na base da criação.

Onda Fatoral de Obaluaiyê: transmutadora, é graças a essa onda que as coisas se modificam, evoluem se transformam que juntam e fazem surgir outra.

Onda Fatoral de Iemanjá: geracionista, criacionista é a partir dessa onda que se faz criar e gerar, surgir coisas.

A Onda Fatoral de Logunan: onda cristalizadora, de Oxumaré: diluidora, de Obá: concentradora, de Iansã: movimentadora.

A Onda Fatoral de Iansã dá movimento ao universo, ou seja, é Iansã quem movimenta o universo. Nós podemos estudar Iansã como “senhora do movimento”, de todos os movimentos.

É por isso que quando eu estou precisando me movimentar, quando eu estou muito “paradão”, apático, eu preciso de um movimento, eu busco Iansã porque ela tem energia movimentadora, ela tem Onda Fatoral Movimentadora, porque ela tem o fator movimentador, porque ela traz esse verbo divino.

 Dentro do que é o verbo divino, que é a força divina da criação, Iansã entra como aquela que é a movimentadora. Assim como: Nanã é decantadora e Omulu é paralisador. Entra também Exu, como vitalizador enquanto Orixá.

E a Orixá Pomba gira como aquela que estimula que traz o desejo para a criação em todos os sentidos.

É importante saber que existe esse campo de estudo na Umbanda, o campo de estudo das energias, das vibrações em mim, tudo isso existe em mim.

Porque o filho de Xangô tem a energia de Xangô em maior quantidade, o filho de Ogum tem energia de Ogum em maior quantidade, o filho de Oxóssi tem energia de Oxóssi em maior quantidade, isso vibra em nós, pois também temos as nossas energias.

 Nós possuímos energias que podem se tornar mais positivas e mais negativas e nem sempre isso tem a ver com bem ou com mal.

 Independente de você ser uma pessoa boa ou ruim, você tem energia positiva e energia negativa e há de se ter um equilíbrio disso tudo em você.

 É como uma pilha que tem lado positivo e lado negativo.

Isso não quer dizer que é lado bom ou lado ruim. É apenas energia positiva e energia negativa.

Temos energia positiva e energia negativa, não necessariamente energia boa, energia ruim, mas, além disso, nós também temos energias virtuosas e energias viciadas.

Tudo isso tem que ser entendido, explicado, compreendido porque no dia-a-dia do trabalho de Umbanda, todas essas energias são trabalhadas. Por exemplo, nosso corpo tem necessidades biológicas; o cérebro, ele comando o corpo de uma maneira muito peculiar.


O cérebro geralmente é partido em “lado direito” e “lado esquerdo”.
 O lado direito do cérebro comando o lado esquerdo do corpo. O lado esquerdo do cérebro comanda o lado direito do corpo, dessa maneira. E assim, o lado direito do nosso corpo é um lado que compreende as coisas num sentido mais racional. O lado esquerdo do corpo é um lado que compreende as coisas no sentido mais emocional.

Quando você quer explicar alguma coisa a alguém, você quer ser racionalmente entendido, fale bem na orelha direita da pessoa.

 Quando você quiser dizer palavras que despertem emoções fale na orelha do lado esquerdo dessa pessoa.

O nosso lado direito, ele é considerado o lado racional e o nosso lado esquerdo é considerado o lado emocional.

 Temos uma energia do lado direito e outra energia do lado esquerdo. Por convenção, acabamos identificando essas energias por “energia racional” a energia positiva que está no lado direito, “energia emocional” é a energia negativa que está no lado esquerdo.
                                                                                         
Emocional não é negativo, o negativo não é ruim, é apenas a minha energia emocional e a minha energia racional. Geralmente, é muito mais fácil descarregar a minha energia negativa, a minha energia pesada mesmo do lado esquerdo pelo campo emocional.

Além disso, temos um campo de energias que pode ser identificado como “a energia que está a minha frente”. Não existe apenas a energia da minha direita, da minha esquerda, existe a energia que está a minha frente, a energia que está atrás, a energia que está na minha direita, na minha esquerda, em cima e embaixo. E aí surge uma quadratura do médium, não só quadratura em
relação a cruz do médium.

O que é a cruz do médium?

É o seu campo de energia: em cima, embaixo, na direita e na esquerda.

Existe uma quadratura, em forma de cruz, do médium, tema para outro texto, que é um campo de energias onde o que está na frente, em cima e o que está na direita é considerado “positivo” e as três forças estão ligadas.

O que está na esquerda, embaixo, atrás, são consideradas energias “negativas”, as três forças estão ligadas. Isso gera um campo de ação.

Qual é o meu campo de ação no embaixo? Qual meu campo de ação pela direita? O meu campo de ação pela esquerda? O meu campo de ação no alto? Isso tem a ver com as forças que me regem pela direita, as forças que me regem pela esquerda, as forças que me regem pelo embaixo.


No meu campo de ação pelo embaixo, estão as energias relacionadas a quais forças estou ligado no embaixo. E não são forças negativas, não são forças demoníacas. É simplesmente, em qual campo de atuação eu melhor me desempenho no embaixo.

Isso quer dizer que quando eu caio no vício, tenho um campo de ação no embaixo onde desempenho melhor os vícios, onde eu mais me entrego, eu mais caio, onde a queda é maior, vamos dizer assim:

 No em cima, eu tenho um campo de virtudes onde eu desempenho melhor a minha energia. O que isso quer dizer? Isso quer dizer que:

Um filho de Oxalá desempenha suas virtudes melhor no campo da fé; uma filha de Oxum desempenha melhor as suas virtudes no campo do amor; um filho de Ogum desempenha melhor as suas virtudes no campo da lei.

E quando no momento da queda ela será maior no campo dos vícios que são exatamente o oposto das suas virtudes, essa é a explicação.

 Há de se entender quais são as energias e como você lida com essas energias no campo: do amor, da fé, do conhecimento, da justiça, da lei, da evolução e da geração, são energias.

 A energia da fé tem uma relação íntima com seu oposto que é a “ilusão” e tem uma relação com o seu desequilíbrio que é o “fanatismo”. A energia do amor tem uma relação com seu oposto que é o “ódio” e tem uma relação com seu desequilíbrio que é o “ciúme”, a “posse”. A energia do conhecimento tem uma relação com a “ignorância” e com a “arrogância”.

A energia da justiça tem uma relação com a “injustiça”, com o “vício de julgamento alheio”. A energia da ordem tem uma ligação com a “desordem” e com a “imposição da vontade”. A energia da evolução tem uma ligação com a “involução” e também com a “preguiça”. A energia da geração tem uma ligação com a “esterilidade” e a “morte” e com o sentimento de “apatia”. Todas essas energias vivem e existem em nós.

Aquele que tem grande capacidade nas suas virtudes para o amor no campo negativo, ele vai desempenhar o contrário, no campo do desamor ou do ódio.

Alguém que desempenha muito bem na fé, no seu negativo a sua queda é violenta e é maior ainda no campo da ilusão, por quê? Porque ele traz em si as qualidades do “fator congregador”, o fator no campo da fé, que se no positivo é a fé, no negativo é a ilusão e esse fator é o que lhe anima, faz parte de você, você domina, você trabalha a energia da fé.

Aquele que é um filho de Oxalá, no positivo é um congregador de pessoas para algo positivo, algo bom e é alguém que tem uma grande capacidade magnética, tem magnetismo pessoal, no negativo ele é alguém perigoso, alguém que engana com facilidade, que ludibria, é alguém que convida a todos a se matarem para ir no rabo de um cometa, é alguém que junta um monte de pessoas por um ideal criminoso porque ele tem a capacidade de congregar por um ideal.

Um fator é algo que tem positivo e negativo, nesse sentido, porque tudo na criação tem positivo e negativo.

No caso do Orixá Oxalá não tem a qualidade positiva de Oxalá e a qualidade negativa. O que tem é: Oxalá vibrando as qualidades positivas do fator e um Trono oposto vibrando as qualidades negativas desse fator.

Os Orixás estão no alto vibrando as virtudes dos sete sentidos, os Orixás estão no alto vibrando as virtudes dos sete sentidos e os Tronos opostos estão no embaixo absorvendo os vícios nos sete sentidos que o ser humano gera.

O ser humano, quando desenvolve as suas virtudes, é magneticamente
atraído para o alto pelos Orixás.

O ser humano quando desenvolve os seus vícios é magneticamente atraído para o embaixo, pelos Tronos opostos dos Orixás que se assentam embaixo que não são demônios e sim Divindades opostas que estão absorvendo, atraindo para o embaixo quem tem negativismo, as pessoas que tem esse negativismo, o que a gente sente é que são pessoas pesadas, densas.

A gente mesmo quando está com raiva, triste, chateado, magoado ou quando a gente pega uma carga negativa, a gente sente que está pesado e não é físico porque se você subir numa balança o seu peso está igual, então, você se sente mais pesado. É uma sensação porque esse peso não é físico, é um peso que você sente no seu espírito, é um peso que você sente na sua alma.

E há aqueles que naturalmente já são carregados, pesados, porque estão vibrando negativo, ao desencarnar serão atraídos para faixas vibratórias negativas.

Isso tem a ver com energia que a gente sente.

Quando você chega num Terreiro de Umbanda e a entidade fala:
“Você está carregado, meu filho”

Ela está querendo dizer:

 “Você está carregado de energias negativas que precisam ser descarregadas” e o mais fácil é descarregar isso pela sua esquerda, por isso que a gente fala que Exu e Pomba gira trabalham a esquerda, porque são especialistas em descarregar, cortar, anular, purificar, encaminhar energia negativa e espíritos negativos.

E isso tem a ver com os fatores, por quê?

Porque cada fator funciona com uma polaridade como um “X” - que a gente vê no livro: “Doutrina e Teologia de Umbanda”, cada fator é como um “X”, tem quatro polos: dois para cima e dois para baixo, ou seja, o Fator da Fé em cima, ele é congregador e cristalizador e embaixo, ele é o contrário, invés de trabalhar a fé, ele trabalha a ilusão, o descongregar, o descristalizar, nesse sentido.

Esse é um campo de estudos para o resto da vida. Quer se aprofundar nesse assunto de “energias” e “fatores”? Leia: “Livro das Energias e da Criação”, pra quem quiser se aprofundar.

Nós temos energia em nós, que são as nossas energias da direita, as nossas energias da esquerda, pela “direita” eu trabalho as minhas virtudes, aquilo que é consciente, racional, e pela “esquerda” eu trabalho melhor os vícios, aquilo que é negativo, aquilo que é inconsciente e emocional, ou seja, para descarregar.

 Nós precisamos descarregar os nossos inconscientes da nossa sombra, do nosso negativismo, para que o nosso espírito livre desse peso, desse chumbo, possa alçar voos às esferas superiores e faixas vibratórias superiores quando assim chegar o momento de nosso desencarne e pra que isso aconteça, é importante uma vida virtuosa. E uma vida virtuosa não é uma vida em que eu  estou me obrigando a fazer a caridade. Se a caridade é uma obrigação pesada, isso não é virtude.

Virtude é algo que não pede recompensa, que flui, logo, o melhor que a Umbanda faz por nós é nos dar consciência de quem somos, do que faz bem e do que não faz bem pra cada um de nós. Tudo o que faz bem é bom e é virtuoso, tudo o que não faz bem é ruim e pode ser um vício. E o que nós sentimos é a energia de cada uma dessas coisas.

Anna Pon

(Texto baseado no Curso de Teologia de Umbanda Sagrada – Desenvolvido por Rubens Saraceni – Ministrado por Alexandre Cumino)


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