Elementos de Magia na Umbanda
Elementos de Magia
por Rubens Saraceni
Nós, mentores responsáveis pela linha do conhecimento do Ritual de Umbanda Sagrada, às vezes (muitas
para ser franco) nos sentimos magoados com a falta de explicação acerca dos elementos de magia, pois ela é
de competência dos pais e mães de Umbanda.
Infelizmente, eles têm dedicado tão pouca atenção a esse
assunto que muitos Guias de Lei (espíritos atuantes na incorporação) sentem-se constrangidos quando têm de
“receitar” certas obrigações aos consulentes das tendas onde atuam.
Sim, existe um descaso total nesse aspecto, e isso tem dado farta munição aos adversários religiosos da
Umbanda, e mesmo do Candomblé, pois esse desconhecimento de causa pelos próprios médiuns os tem
impedido de sustentarem suas próprias práticas mediúnicas, todas fundamentadas na movimentação de
elementos mágicos ou magísticos.
Mágico = movimentação de energias - Magístico = ativação de processos mágicos.
Quantos médiuns não desconhecem o próprio significado das velas coloridas que acendem aos seus orixás?
Quantos não desconhecem o porquê da queima de pólvora ou dos banhos de ervas ou de sal grosso?
Quantos fazem obrigações, mas intuitivamente, porque desconhecem seus reais fundamentos?
Quantos não cantam os “pontos”, mas sem convicção ou vibração, só porque desconhecem seus
fundamentos ocultos, seus poderes vibratórios e magísticos, e mesmo, seus valores rituais?
Quantos, ao fazerem um “despacho”, não se sentem constrangidos, pois desconhecem o real significado
e valor simbólico que eles têm para quem os recebe?
São tantas perguntas semelhantes a estas que é melhor pararmos por aqui e comentarmos o que já
temos, senão nosso livro irá virar uma enciclopédia. Mas seremos objetivos para não nos alongarmos demais
nesse capítulo.
Vamos aos elementos rituais:
Normalmente uma oferenda contém vários elementos materiais que à primeira vista parecem não ter
fundamento. Mas na verdade todos têm e são facilmente explicáveis.
Frutas, velas, bebidas, flores, perfumes, fitas, comidas etc., tudo obedece a uma ordem de
procedimentos, todos afins a que se destinam.
Senão, vejamos:
Frutos: são fontes de energias que têm várias aplicações no plano etérico. Cada fruta é uma condensação
de energias que forma um composto energético que, se corretamente manipulado pelos espíritos, tornam-se
plasmas astrais usados por eles até como reservas energéticas durante suas missões socorristas.
As frutas também servem como fontes de energias sutilizadoras do corpo energético dos espíritos, e
como densificadoras dos corpos elementares dos seres encantados regidos pelos orixás e que atuam na
dimensão espiritual, onde sofrem desgastes acentuados, pois estão atuando num meio etérico que não é o
deles.
Para efeito de comparação, podemos recorrer aos trabalhadores que manipulam certos produtos
químicos e precisam ingerir grandes quantidades de leite para desintoxicá-los ou aos que trabalham em
fornalhas e precisam ingerir grandes quantidades de líquidos para se reidratarem.
Sim, os encantados são seres
que, quando fora das suas dimensões de origem sofrem fortes desgastes energéticos.
E esse mesmo desgaste sofrem os espíritos que atuam como curadores, quando doam suas próprias energias
aos enfermos, tanto os desencarnados quanto os encarnados.
É certo que para si só, um espírito ou um encantado não precisa de alimento algum, ou mesmo da luz de
uma vela. Mas os que atuam nas esferas mais densas sofrem esgotamentos parecidos com os mineiros que
trabalham em minas profundas. E os que atuam como curadores doam tanto de suas energias que muitos
precisam descansar um pouco após socorros mais demorados junto aos enfermos.
Já escreveram tanto sobre Umbanda, Espiritismo, Candomblé, espiritualismo etc. e, no entanto, ensinam
muito pouca ciência espiritual no que escrevem.
Bem, voltando ao nosso comentário, o fato é que as frutas têm muitas utilidades aos espíritos e aos seres
encantados que atuam junto dos médiuns umbandistas.
Romã, mamão, manga, uva, abacaxi, laranja, jabuticaba, pitanga etc. fornecem energias que podem ser
armazenadas dentro de “frascos cristalinos” existentes no astral e que, depois de armazenadas, basta aos seus
manipuladores lhes acrescentar uma energia mineral que o conteúdo do frasco transforma-se numa fonte
irradiante, e inesgotável, de um poderoso plasma energético ao qual recorrerão para curar espíritos enfermos
ou pessoas doentes sempre que precisarem.
Afinal, se fosse só para “comer” os frutos, para que um guia espiritual recomendaria ao seu médium uma
trabalhosa oferenda? Seria mais prático ele comer na própria casa do médium ou ir a algum mercado, onde se
fartaria de tantas frutas que neles existem, não é mesmo?
Só que ninguém atenta para isto: uma oferenda é um ato religioso realizado no ponto de forças de um
orixá, que irá fornecer ao espírito que trabalha com o médium um de seus axés, utilizado de imediato, ou
posteriormente, em trabalhos os mais diversos.
Uma oferenda obedece a todo um ritual magístico, que por isso mesmo, ou é feito religiosamente ou não
passará de uma panaceia.
Orixá algum admite panaceias em seus campos vibratórios e domínios energéticos
(axés).
Reflitam sobre o que foi escrito porque a oferenda ritual, seja ela como ou qual for, é um procedimento
religioso. E tem de ser entendida e respeitada como tal, pois no lado oculto e invisível sempre há uma
divindade que nela atuará diretamente, ou através de seus encantados ou de espíritos incorporados às suas
hierarquias ativas.
Esse procedimento é correto, recomendável e fundamentado em preceitos religiosos.
Só durante uma
oferenda ritual os guardiões dos axés, após certificarem-se de que eles terão um uso amparado pela Lei Maior,
os liberam para o uso particular dos espíritos atuantes nas tendas. Ou alguém acredita que os axés são
liberados para uso profano?
Atentem bem para o que foi escrito aqui. Só um desconhecedor dos procedimentos ritualísticos
desconhece o fundamento das oferendas rituais.
Afinal, para que um Exu de Lei perderia seu tempo acompanhando todo o ritual de despacho de algumas
garrafas de marafo na terra? Não seria mais lógico ir a uma destilaria e embriagar-se com os vapores etílicos,
lá emanados em abundância?
Existe toda uma ciência divina nos processos ritualísticos, e um Exu de Lei a conhece muito bem, além de
saber manipular as energias que extrairá dos elementos materiais que lhe forem oferendados.
(texto extraído do livro: “Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada” – Rubens Saraceni - Editora Madras)
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