Podemos incorporar Exu em giras externas(natureza)?


Podemos incorporar Exu em giras externas (natureza)?


A Umbanda é uma religião mediúnica, livre de dogmas, preconceitos. Aceita e acolhe a todos que a buscam sem questionamentos ou julgamentos.

Voltada à prática da caridade, ponto em comum entre os vários terreiros espalhados pelo Brasil e pelo mundo, a Umbanda busca, na Natureza, a conexão com o Divino, com o Sagrado, realiza, portanto, trabalhos nos pontos de força da Natureza, como matas, rios, cachoeiras, mar.

Todo médium de Umbanda, ao menos uma vez ao ano, se dirige, com seu grupo de terreiro, à esses locais, a céu aberto, na Natureza, a fim de louvar, consagrar, purificar a si, suas guias, que são os colares usados durante o ano todo e que, na Natureza, são limpos e purificados para que sejam novamente imantados com o Axé dos Orixás e guias espirituais que procedem essa limpeza e posterior imantação de energia/força, que é a proteção do médium durante os trabalhos que se realizam no terreiro, portanto, todas as entidades espirituais, que trabalham com seus médiuns o ano todo, participam desse momento.

Com Exu, Pomba Gira e Exu Mirim não é diferente. E por que seria? Acaso não realizam atendimentos com seus médiuns o ano inteiro no terreiro? O médium não usa suas guias de esquerda? Essas guias não necessitam de purificação/imantação?

Todas essas perguntas para esclarecer que a linha de esquerda é linha de trabalho dentro da Umbanda e em nada se diferencia das outras linhas, a não ser sua especialidade, mesmo assim, cada linha de trabalho é especialista numa determinada pratica, por exemplo:

Ciganos são procurados para ajudar em problemas afetivos e financeiros;
Caboclos de Oxossi são consultados, normalmente, para ajudar nas questões de saúde, assim como o povo do Oriente.

Apenas alguns exemplos para ilustrar que cada linha de trabalho na Umbanda tem sua especialidade e isso não quer dizer que não possam ajudar em questões paralelas.

Voltando à questão: Linha de Esquerda, sua presença é fundamental para todo e qualquer trabalho na Umbanda. Saudar Exu, é a primeira coisa que se faz ao abrir uma gira ou um trabalho. Ele, Exu, é o guardião, é quem nos oferece proteção é como bem diz o ponto:

"...sem Exu não se faz nada"

Dizem por ai que não se pode incorporar Exu em trabalhos de mata, por exemplo. Não compreendo de onde vem essa recomendação mesmo sabendo que cada terreiro tem sua doutrina/regra.

Na minha opinião, limitar Exu é impossível, além do que, Exu é nosso amigo, mestre, guardião que nos protege, nos inspira a seguir por bons e retos caminhos...

Trabalhamos com a linha de esquerda o ano todo num ambiente fechado, muitas vezes, carregado de más energias e tudo bem, mas, incorporar nosso guia na mata, por exemplo, não pode por que? Realmente não vejo sentido em tal recomendação a não ser uma visão equivocada, supersticiosa e  sem fundamento.

Respeito a todos os irmãos de fé e esse texto não objetiva afrontar ninguém e sim apenas esclarecer e compartilhar de uma forma de entender a relação médium/linha de esquerda.

A missão de desmistificar o trabalho de Exu é árdua, mas, quem estuda, vivencia o trabalho junto à esses guias de luz sabe como é importante ajudar outros a compreenderem a dinâmica de seus trabalhos e presença nos terreiros e nas giras externas, mesmo porque, Exu é o guardião do lado externo porque é quem nos dá proteção seja nas tronqueiras ou nos trabalhos de mata, praia, pedreira, campo, pois Exu está em todos os lugares e em cada ponto de força, na natureza, ele está como guardião daquele local e é o primeiro a ser saudado, pois sem sua presença, não há proteção.

É preciso compreender Exu e se libertar de conceitos antigos sobre seu papel na Umbanda e no desenvolvimento do médium.

Seja nos terreiros ou em trabalhos externos, incorporar Exu é garantia de proteção e força para seguir a jornada na Umbanda.

Em trabalhos externos, ele é chamado e incorpora a fim de descarregar seu médium e de revigorar seu tônus mediúnico, além de renovar a imantação das guias que serão utilizadas no terreiro que são a proteção do médium contra toda e qualquer investida do mal ou de energias densas.

Nada melhor que trabalhar com todos os guias que se manifestam através de nossa mediunidade na natureza, pois é ali que se renovam as nossas forças, é onde deixamos as cargas recebidas durante o ano para que sejam neutralizadas e para que possamos seguir com nossos trabalhos revigorados e mais fortes. Sendo Exu, um desses guias, e conhecendo a força e importância de seu trabalho, concluímos que ele é sempre bem- vindo, dentro ou fora do terreiro.  

Laroyê! Exú! Omojubá!

Anna Pon
01.12.2019


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