O Cavaleiro do Arco Íris e as Sete Linhas de Umbanda


O Cavaleiro do Arco Íris e as Sete Linhas de Umbanda 


"...Continuei ajoelhado e chorando compulsivamente por séculos e séculos! E continuaria a chorar por toda a eternidade se um coro celestial, não sei de onde, não começasse a cantar um dos cantos que mais me encantavam. 

Seu título? 

- As Sete Linhas da Umbanda! 

Aquietei meu choro, enxuguei minhas lágrimas e também comecei a cantar aquele canto de Umbanda Sagrada! Aos poucos, a minha voz humana, que acompanhava aquele invisível coro celestial, foram se juntando mais e mais vozes humanas. 

Eram tantas que chegavam aos milhões de vozes humanas cantando com aquele coro divino! E diante dos meus olhos iam passando rostos, todos voltados para altares de tendas de Umbanda, que também iam passando diante dos meus olhos. Eu via milhares de tendas de Umbanda, todas repletas de irmãs e irmãos vestidos de branco, e todos cantando as Sete Linhas de Umbanda. 

De repente, por trás de todos aqueles altares sagrados idealizados por mentes e corações humanos, começou a formar-se um altar celestial, divino mesmo, que era tão grande que, na frente dele, ficavam todos os altares das tendas de Umbanda erigidos na Terra. E aquele altar divino sustentava com suas irradiações todos os altares erigidos em nome dos Sagrados Orixás! 

Mentalmente fui vendo velhos babalaôs serem substituídos por outros mais jovens, aquele panteão divino deixar de ser como o descreviam as lendas africanas e ir metamorfoseando-se em um colossal, divino mesmo, Arco-íris Celestial. 

Onde antes havia divindades humanas, irradiações multicoloridas vindas do infinito, chegavam até ali e dali irradiavam um cordão de sete cores que alcançava os altares de cada uma daquelas tendas. 

E, na ponta de cada um daqueles cordões, abria-se em um delta multicolorido com outros sete cordões derivados; e, na ponta destes, eu via os Orixás humanizados, todos irradiando sobre os umbandistas postados de frente para os altares, os quais continuavam cantando as Sete Linhas de Umbanda. 

O Arco-íris divino, à medida que descia, ia se multiplicando e, ao chegar aos altares, irradiava-se sobre os médiuns, que absorviam aquele fluxo multicolorido, e também eles os irradiavam, alcançando as pessoas que trabalhavam, passeavam, dormiam, choravam, sofriam, clamavam e sorriam e, pouco a pouco, iam assumindo o lugar daqueles médiuns, que haviam envelhecido e iam ascendendo e assentando-se ao lado dos Orixás, que os havia sustentado no plano material e continuavam a sustentá-los no espiritual. E, à medida que os médiuns diante dos altares iam sendo substituídos por outros mais jovens, ia crescendo o número dos que iam, já em espírito, assentando-se ao lado dos Orixás e iam subindo, para que o nível que antes ocupavam fosse ocupado pelos que continuamente passavam do lado material para o espiritual. 

Era uma pirâmide que ia crescendo continuamente, até que seu vértice alcançou a ponta do Arco-íris. E aí os primeiros médiuns a assentarem-se ao lado dos Orixás foram seguindo para a direita ou para a esquerda. E todos, em um só nível, de mãos dadas, formavam um cordão horizontal que, de tão comprido, ultrapassou meu limite visual. Mas em dado momento vi as duas pontas daquele cordão humano, ambas ocupadas por irmãos meus, chegarem até ali onde eu estava e, um de cada lado, me darem suas mãos e, sem deixarem de cantar as Sete Linhas de Umbanda, sorrirem e me convidarem a seguir adiante, pois, se ficássemos parados, toda aquela imensa corrente humana estacionaria. 

Avançamos um passo e, quando olhei para trás, outros três irmãos, também de mãos dadas, me sorriram. E, sem deixarem de cantar as Sete Linhas da Umbanda, saudaram-me e disseram: “eu vim ocupar seu lugar, meu pai. Siga adiante e descortine novos horizontes dos Sagrados Orixás para que nós possamos caminhar até aí onde o senhor está, pai amado”! 

Eu avancei mais alguns passos, e, quando tornei a olhar para trás, aqueles três irmãos já haviam envelhecido um pouco e cedido suas posições anteriores aos seus filhos, bem mais jovens. Então os três atrás de mim me saudaram e pediram: “pai amado, avance mais um pouco e descortine novos horizontes, pois os que ocupamos, nossos filhos já estão prontos para ocupá-lo”! 

E à medida que eu avançava e olhava para trás, via meus filhos, meus netos, bisnetos, tataranetos, etc., todos cantando as Sete Linhas de Umbanda".


Texto extraído do livro “O Cavaleiro do Arco-Íris - O Livro dos Mistérios” inspirado por Pai Benedito de Aruanda, escrito por Rubens Saraceni - Editora Madras


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