Você estava preparado? (Pandemia 2020 e a espiritualidade)
Você estava preparado?
O ano é 2020 e mal havia começado quando da China nos chega a noticia sobre um vírus altamente contagioso e desconhecido.
Vimos pela televisão e pelas redes sociais, que o vírus se espalhava com velocidade por todo o mundo a nenhum país poupando.
Logo as mortes foram noticiadas em números alarmantes preocupando a todos e exigindo dos governos e dos Órgãos de Saúde, através do mundo, medidas emergenciais para controle de sua propagação.
Desconhecido, portanto, sem medicação ou vacina para conte-lo, ou para proteger as pessoas de sua ação, muitas vezes letal, o vírus se espalhou, matou muita gente, adoeceu a muitos também e obrigou a todos a seguirem normas de prevenção de contágio.
A prevenção indicada, a principio, foi a de isolamento e distanciamento social, fechamento do comércio, igrejas e templos, a fim de evitar aglomerações.
No começo todas as recomendações foram seguidas, mas, passado pouco tempo, logo empresários, comerciantes e alguns lideres religiosos, avessos às normas de segurança, passaram a pressionar governos e prefeituras alegando a ruína da economia e, creio que assim foi não apenas aqui, no Brasil, mas pelo mundo afora.
O vírus apareceu, se espalhou e em pouco tempo mudou muitas coisas, revelando outras como a fragilidade dos governos e órgãos de saúde publica, além de deixar explicita a ganancia e o desprezo de muitos pela vida humana.
Quem estava preparado para isso tudo?
Acredito que ninguém se preparou para viver a pandemia e no Brasil menos ainda porque nosso povo nunca precisou usar máscara de proteção para ir às ruas, ao contrário de outros países que vivem essa situação a tempos e naturalmente.
Somos brasileiros e culturalmente gostamos de proximidade, festa e grande parte da nossa religiosidade também se dá através do contato, do estar próximo como é o caso da Umbanda, minha religião.
Outras religiões podem até pensar em receber seus fiéis adotando medidas de segurança, nas quais particularmente, não confio muito, mas, no caso da Umbanda não porque é bem difícil que numa gira de Umbanda não haja proximidade.
Hoje, dia de Santo Antonio, 13.06.2020, nossa casa de fé continua "fechada", sabemos, porém, que alguns terreiros voltaram às atividades seguindo recomendações tão frágeis que chegam a ser infantis.
Todos sabemos que a pandemia continua, que o vírus segue se espalhando, mas, muitas pessoas preferem ignorar o fato e se tornam possíveis propagadores do vírus que ainda não está sob controle, muito pelo contrário, continua ativo, matando e adoecendo a população.
O povo brasileiro parece acometido de outro mal, além do COVID-19, o mal da ignorância,
do descaso, da loucura, da ilusão que leva ao caos, à morte e à total perda dos valores humanos, além de éticos.
Lutaram pela abertura do comércio não essencial e o que se vê, nas cidades que cederam à pressão, é o caos. Gente que prefere não enxergar a realidade vivendo como se nada estivesse acontecendo à sua volta, ignorando o fato da pandemia que afeta a humanidade.
Parece que preferem ignorar, mas, alguém deve colocar um freio nisso, é o que se espera.
Nas horas de maior aflição e necessidade, é que conhecemos nossos verdadeiros amigos, quem está realmente ao nosso lado e quem não. No caso, o povo brasileiro, está abandonado no momento de maior necessidade. Quando mais se precisa não tem, apoio, decência, está nas mãos de gente despreparada, alienada. Os poucos com noção, quase nada podem fazer sem contar com aquele que deveria dar o exemplo, deveria ser o primeiro a defender seu povo. Povo esse que o elegeu, que cegamente, o colocou numa posição da qual não é digno e agora sofrem todos por conta da má escolha de alguns e isso não é tudo em 2020; temos além da pandemia, seca, dengue, violência, medidas restritivas frágeis que colaboram com o agravamento da situação prolongando e atrasando a solução, além da crise politica que agrava consideravelmente o quadro já tão ruim. E não bastasse tudo isso, negros seguem sendo vitimas do racismo irracional, ou seja, parece que todo o mal está vindo à tona, tudo o que há de mais perverso e ruim está sendo exibido.
Nenhum de nós estava preparado, isso é fato, mas, a situação é essa: um pais exposto à doença, ao desemprego, à falta de apoio quando mais se precisa.
Penso nos jovens sem estudar, confinados em casa, quando lúcidos, quando não circulando a vontade nas ruas expostos a tudo o que não convém.
Afetados em nossa religiosidade, por conta do fechamento dos templos e igrejas, ao menos temos a nossa fé. Essa ninguém pode nos tirar nem diminuir, nem tampouco enfraquecer porque é tudo o que temos no momento e se nossa fé é firme, confiamos Naquele que jamais falha e que nunca nos desempara nem decepciona porque Ele é o poder maior. Na fé conquistamos a paciência para seguir colaborando dentro de nossos limites e possibilidades com o bem comum e com as autoridades sanitárias porque a fé nos une e humaniza, o contrario disso é fanatismo e ilusão.
Um pouco mais de paciência, solidariedade e união para que tudo passe mais rápido e com menos dor. Acredito que falta essa compreensão à grande parte da população e dos poderes públicos, sem falar nos privados que estão muito bem em seus lares desfrutando de fortunas que muito bem poderiam socorrer os mais necessitados, mas, na contra mão, pensam apenas nos prejuízos, impacientes, querem seus negócios funcionando e quem paga o preço é o trabalhador.
Paciência.
Ninguém estava preparado, é claro, mas é o que temos, portanto, o jeito é encarar.
Quanto à espiritualidade, acredito que nesse momento há um grande movimento em socorro dos desencarnes numerosos. Muitas frentes de socorro para atender as vítimas do vírus em todas as partes do mundo.
Pode ser o começo da transição planetária, já prevista, que visa o remanejamento das almas a fim de preparar a Terra para tempos melhores e, esses tempos só virão quando o mal daqui se erradicar para que se inicie um tempo de progresso espiritual onde o bem predomine com vistas à evolução das almas que aqui permanecerão e reencarnarão. É um tema bastante complexo, um estudo a ser considerado.
E nós, Umbandistas, já a três meses afastados de nossas atividades presenciais, não abandonamos nossa fé. Louvamos as forças da Natureza, Orixás, e aos guias espirituais pedimos socorro e auxilio diariamente.
Não falo por todos, falo por mim e pela casa na qual trabalho, falo por nosso dirigente que assim, lucidamente procede.
Não posso falar pelos demais, porém, sinceramente espero que estejam sendo pacientes e conscientes, pois esse é o momento de praticar nossa fé com paciência e equilíbrio.
O afastamento social não abala a fé bem alicerçada nem enfraquece nossa ligação com as entidades, pelo contrário, é hora de colaborar com eles.
Esse é o chamado. Colaborar conservando a fé, a calma, a paciência, perseverando no bem, orando e vigiando, nos colocando à disposição dos guias para trabalhar em outro plano doando o que de melhor trazemos dentro de nós e de nossas energias em beneficio de todos.
Em corrente de oração diária, nos doamos de coração na certeza de que estamos trabalhando com nossos guias onde haja necessidade e confiando na condução desses trabalhos, seguimos nos dedicando da mesma forma e com a mesma fé.
Não podemos nos abalar agora, na hora que mais precisamos e que precisam de nós.
Vai passar e quando passar que estejamos de cabeça erguida, consciência tranquila no cumprimento do nosso dever como humanos e como religiosos.
Paciência para seguir em casa o máximo possível; sabedoria para quando precisar sair; muito cuidado e zelo para quem precisa seguir trabalhando, por fim que não falte fé e esperança em melhores dias a todos, lembrando sempre que a vontade de Deus é justa e soberana, por isso, passar pela tormenta com coragem, disciplina e fé faz toda a diferença.
Anna Pon
A todos os profissionais da saúde, meu respeito e votos de muita proteção e amparo.
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