Orixás
Orixás na Umbanda
O planeta em que vivemos e todos os mundos dos planos materiais se mantêm vivos através do equilíbrio entre as energias da natureza. A harmonia planetária só é possível devido a um intrincado e imenso jogo energético entre os elementos que constituem estes mundos e entre cada um dos seres vivos que habitam estes orbes.
Um dado característico do exercício da religião de Umbanda é o uso, como fonte de trabalho, destas energias, ou faixas vibratórias. Vivendo na Terra, o homem convive com leis desde sua origem e evolução, que mantêm a vitalidade, a criação e a transformação do planeta, dados essenciais à vida como a vemos desenvolver-se a cada segundo. Sem essa harmonia energética o orbe entraria no caos.
A essa faixa vibratória de alta força energética chamamos orixás, usando um vocábulo de origem Yorubana, que tem como significado "dono da cabeça", mostra assim a relação existente entre o mundo e o indivíduo, entre o ambiente e os seres que nele habitam. Nossos corpos têm, em sua constituição, todos os elementos naturais em diferentes proporções.
Na Umbanda os Orixás são tidos como os maiores responsáveis pelo equilíbrio da natureza. São conhecidos em outras partes do mundo, e dentro de outras vertentes religiosas como "Ministros" ou "Devas", energias de alta vibração evolutiva que cooperam diretamente com Deus, fazendo com que Suas Leis sejam cumpridas constantemente.
Para deixar claro, quando se fala em sete linhas da umbanda refere-se aos sete padrões de vibrações diferentes que a umbanda trabalha. A umbanda movimenta-se com uma faixa de vibratória que é subdividida em sete. A essas faixas energéticas damos o nome de orixás.
Não existe um espírito chamado Xangô, mas um grupo de espíritos trabalhando numa determinada faixa energética chamada de Xangô. Da mesma forma, Iemanjá não é um espírito, mas sim uma faixa vibratória onde vários espíritos se agrupam por afinidades e trabalham numa função específica que comporta a vibração de Iemanjá.
O tema Orixás é muito complexo, pois faz parte do contexto histórico/cultural de várias religiões onde cada uma tem suas interpretações, ritos de louvação e fundamentos. Trabalhamos com os ensinamentos da Umbanda, vocábulo sagrado de origem Abanheenga, língua falada pelos integrantes do tronco tupy, ou raça vermelha, primeira civilização a se desenvolver no planeta. Este termo, diferente do que muitos pensam não foi trazido da África, mas sim revelado a milhões de anos por seres muito elevados da Confraria dos Espíritos Ancestrais, que hoje se utilizam da mediunidade de encarnados previamente comprometidos em servir de veículos para sua manifestação.
São três os radicais que formam a palavra Umbanda: Aum (A divindade suprema), Ban (Conjunto ou sistema) e Dan (Regra ou lei), formando assim a palavra Aumbandan que tem como significado “O conjunto das leis divinas”. A união destes princípios dá origem aos quatro pilares fundamentais do conhecimento humano ditos como ciência, filosofia, arte e religião.
Dividem-se as faixas vibratórias em sete principais:
1 - Oxalá
Também chamado de Orixalá. Ori = Luz, reflexo; Xa=Senhor,fogo;Lá=Deus,divino. Assim a tradução de Oxalá é A luz do Senhor Deus.
Essa linha representa o princípio, o incriado, o reflexo de Deus, o verbo solar. É a luz refletida que coordena as demais vibrações. As entidades manifestadas nesta linha são calmas, se expressam calmamente e sempre com elevação.
2 - Iemanjá (onde entram todas as vibrações de mães: Oxum, Yansã e Nanã Buruque)
Ye= Mãe, princípio gerante; Man= o mar, a água, lei das almas; Yá= Matriz, maternidade. Isto quer dizer, que o significado de Iemanjá é: A senhora da vida.
É também conhecida como Povo d’Água. Iemanjá significa a energia geradora, a divina mãe do universo, o eterno feminino, a divina mãe na umbanda. As entidades desta linha gostam de trabalhar fixando vibrações de maneira serena. Também propiciam as limpezas áuricas e ambientais.
3 - Xangô
Xa=Senhor, dirigente; Angô= Raio, alma. Portanto, Xangô é igual a: O Senhor dirigente das Almas.
É o orixá que coordena toda a lei kármica, é o dirigente das almas, o Senhor da balança universal. Resumindo, Xangô é o orixá da justiça.
4 – Ogum
Og= Glória, salvação; Aum=Fogo guerreiro. Por fim, a tradução para Ogum é: O guerreiro cósmico pacificador, o fogo da glória.
A vibração de Ogum é o fogo da salvação ou da glória, o mediador de choques consequentes do karma. É a linha das demandas da fé, das aflições, das lutas e batalhas da vida. É a divindade que, no sentido místico, protege os guerreiros. Os caboclos de ogum gostam de andar de um lado pro outro e falam de maneira forte.
5 – Oxóssi
Ox=Ação ou movimento; O=Círculo; Ssi=viventes da terra. Portanto, Oxóssi é: A potência que doutrina, o catequizador de almas.
Está vibração significa ação envolvente ou circular dos viventes da Terra, ou seja, o caçador de almas, que atende na doutrina e na catequese. As entidades desta falange falam de maneira serena e seus passes são calmos, assim como seus conselhos e trabalhos.
6 - Yori (crianças)
Yo=Potência, ordem, princípio; Ri=reinar, iluminado; Ori=luz, esplendor. Portanto a tradução é: Potência dos puros ou da pureza.
As entidades desta linha são altamente evoluídas, externam pelos seus cavalos, maneiras e vozes infantis de modo sereno, ás vezes um pouco vivas. Quando no plano de protetores, gostam de sentar no chão e comer doces, mas sem desmandos.
7 - Yorimá (preto-velhos e Obaluaê)
Yo=Potência, ordem, princípio; Ri=reinar, iluminado;Má= Lei, regra. Isto quer dizer que a tradução é: Princípio ou potencia real da lei.
Também chamada de linha das almas, ela é composta dos primeiros espíritos que foram ordenados a combater o mal em todas as suas manifestações. São os Orixás velhos, verdadeiros magos que velando suas formas kármicas revestem-se em roupagens de pretos velhos ensinado e praticando as verdadeiras ‘”mirongas”. Neles se estampa a figura da sabedoria, filosofia, o mestrado da magia, em fundamentos e ensinamentos. Geralmente gostam de trabalhar e consultar sentados, fumando cachimbo, numa ação de fixação e eliminação de qualquer fluído astral negativo através da fumaça.
As linhas de trabalho das entidades na umbanda são compostas por espíritos já completamente ligados vibracionalmente às energias dos Orixás (entidades alinhadas), que possuem como missão trazer e fazer vibrar em nós os atributos das divindades.
Orixás e o africanismo
Você pode pensar, onde estão os outros Orixás? Pois bem, os cultos afro-brasileiros são sistemas de crenças herdados dos africanos, que foram trazidos como escravos para o Brasil a partir do século XVI.
Muitos escravos praticavam suas crenças no Brasil, e a tradição pedia que se tivesse um grande número de orixás em seus cultos. Na casa Luz de Aruanda, apresenta-se os orixás em sete linhas principais, entretanto a instituição mantém os trabalhos abertos para manifestação de todas as linhas, não criando nenhum preconceito com outros cultos e vertentes de trabalho. Apenas estamos apresentando outras linhas que utilizam as forças dos orixás dentro de seus cultos. Assim em outras vertentes, como o Candomblé e Nação, outros orixás surgem.
Veja alguns Orixás que são cultuados em cultos afros:
Euá
Filha de Oxalá e Iemanjá é uma deusa casta, que tem o poder de se tornar invisível e de penetrar nos mistérios de Ifá (o deus da adivinhação). Seus domínios são as ilhas e penínsulas, o céu estrelado, a chuva e a faixa branca do arco-íris. No sincretismo religioso, está associada a Nossa Senhora das Neves.
Exu
É considerado um Orixá entre os cultos afros. Filho primogênito de Oxalá e Iemanjá, Exu é aquele que abre os caminhos. Por isso, é sempre o primeiro orixá a ser invocado nas aberturas dos trabalhos, nas oferendas e na leitura do oráculo de búzios. Também conhecido como Bará. Simboliza a energia dinâmica, o impulso sexual, o fluido vital. Está também associado à comunicação, por ser o intermediador entre os homens e os orixás.
Ifá
Deus da adivinhação, Ifá é o "dono" do jogo de búzios. Seu principal atributo é o conhecimento: ele sabe o que espera cada divindade e cada ser humano, pois é o senhor dos segredos do destino.
Logum
Filho de Oxóssi e Oxum, tem os atributos da elegância, da beleza e da sedução. Durante seis meses do ano, ele assume a forma masculina e caminha pelas matas, domínios de seu pai caçador. Nos outros seis meses, assume forma feminina e parte para as águas doces, que pertencem à sua mãe. É sempre representado como um adolescente, e também é chamado de Logunedê ou Logun-Edé. No sincretismo religioso, está associado a São Miguel Arcanjo e a Santo Expedito.
Obá
Filha de Oxalá e Iemanjá, deusa guerreira das águas revoltas, Obá é uma sofredora. Conta a lenda que ela era uma das esposas de Xangô, mas sofria por ver que o marido só tinha olhos para a bela e ciumenta Oxum. Inocentemente, foi se aconselhar com a favorita do esposo, e perguntou-lhe qual o segredo para conquistar o coração de Xangô. Astuta, Oxum sugeriu que Obá cortasse a própria orelha e a servisse como um quitute sangrento para o marido - diante desse gesto, ele ficaria louco de paixão! No entanto, Oxum sabia muito bem que Xangô não tolerava ver sangue, e depois que Obá seguiu o maquiavélico conselho, o deus guerreiro criou verdadeira repulsa por ela! No sincretismo religioso, Obá está associada a Santa Catarina, Santa Joana D´Arc e Santa Marta.
Olorum
Na Mitologia Yoruba, e no Culto de Ifá é chamado Olódùmarè ou Olorun, nas religiões afro-brasileiras é chamado de Olorum, é o Dono do Orun céu e Criador do Orun e do Aiye, o céu e a terra. É associado fortemente com a cor branca, e controla tudo. É o Deus Pai Criador de tudo e de todos.
Ossaim
Filho de Oxalá e Iemanjá, este orixá, que também recebe o nome de Ossanha, tem como atributos a cura e a magia. É o orixá das folhas, e portanto, das ervas medicinais. De acordo com os mitos africanos, ele é muito respeitado por todos os outros deuses, pois até os orixás dependem do poder das folhas para se revigorarem. As palavras que ativam o poder curativo das plantas é um mistério dominado exclusivamente pelos sacerdotes de Ossaim.
Oxumaré
Filho de Oxalá e Nanã, ele é o arco-íris que liga o céu e a terra, a serpente que fecunda o solo e gera riquezas. Feminino e masculino ao mesmo tempo, simboliza a interação das energias. Além disso, é senhor da dualidade, do movimento, do girar incessante da vida, da perpétua renovação. Em forma de serpente, Oxumaré morde a própria cauda e assume uma forma circular que lhe permite manter em equilíbrio os corpos celestes. No sincretismo religioso, está associado a São Bartolomeu.
Odé e Otim
Divindades da caça que eles vivem nas florestas. Seus principais símbolos são o arco e flecha, chamado OFÁ, e um rabo de boi chamado ERUEXIM. Em algumas lendas aparece como irmão de Ogum e de Bará.
Vivem nas matas, caçando, por isso, protege os caçadores em suas expedições. É casado com Otim formando um casal inseparável, onde está um está o outro. Odé caça, mas fica com pena dos bichos e dá para sua mulher Otim que devora tudo e por isso é gorda.
Sincretismo dos Orixás
Como já foi retratado na história da Umbanda, vê-se que os negros escravizados sofreram intensamente mudanças muito profundas de suas raízes, envolvendo principalmente seus fundamentos religiosos.
A igreja católica preocupada com a expansão dos seus domínios investiu para eliminar as religiosidades negras e indígenas, que na época eram vistas como pagãs, desvirtuadas do caminho sagrado de Cristo. Entretanto, esta imposição religiosa fez com que os negros, e também os próprios jesuítas com intuito de facilitar a conversão, associassem as imagens dos santos católicos aos orixás, por exemplo: Ogum é o guerreiro que vence toda demanda, e São Jorge é visto como um santo guerreiro que luta e sai vencedor sobre as adversidades, matando o dragão mostra coragem e força.
Outro exemplo é Oxalá, que é uma energia, isto quer dizer que não é Deus nem Cristo, apenas sincretizado na figura de Jesus. Até porque esta vibração coexistiu com a formação do mundo, portanto, Oxalá já era antes que Jesus o fosse.
Foram, assim, associando santos que fornecessem características semelhantes às forças dos Orixás. Esse foi o modo encontrado para burlar a opressão religiosa sofrida naquela época, e assim continuar a praticar e difundir o culto as forças da natureza, a esta associação deu-se o nome de sincretismo religioso.
Aqui vai a lista de Orixás, os quais são trabalhados na casa Luz de Aruanda, e Santos católicos correspondentes no sincretismo:
Oxalá – Jesus Cristo
Iemanjá – Nossa Senhora dos Navegantes, Virgem Maria e Nossa Senhora da Conceição
Oxum – Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora das Candeias
Yansan – Santa Bárbara
Nanã – Senhora Santana e Santa Ana, mãe de Maria
Ogum – São Jorge
Xangô – São Jerônimo, São Francisco de Assis, São João Batista e São Pedro
Oxóssi – São Sebastião
Yori – São Cosme e São Damião
Yorimá (Obaluaiê) – São lázaro e São Roque
Sítios vibracionais dos Orixás
Cada um dos orixás tem peculiaridades e correspondências próprias na Terra: cor, som, mineral, planta regente, elemento, signo zodiacal, essências, ervas, entre outras afinidades astro magnéticas que fundamentam a magia na Umbanda por linha vibratória.
Encontraremos nos sítios vibracionais dos orixás sempre os três reinos: animal, vegetal e mineral. Sempre que possível deve-se ir a um destes espaços, para através de práticas respiratórias e meditativas absorver as energias vitais destes sítios, sendo que sempre que estiver nestes locais deve-se respeitá-los, nunca agredindo, praticando atos de vandalismo ou sujando tais ambientes, já que muitos seres astrais trabalham e evoluem nestas localidades.
Os sítios vibracionais principais são descritos a seguir:
Montanha: Sítio Vibracional de Oxalá, o qual tem o poder de reger a vida e a morte, e ao mesmo tempo em que é bondoso e tolerante, também pode tornar-se firme e severo. No entanto, Oxalá prefere sempre seguir o caminho do amor. É o único orixá que se encontra acima dele é Olorum (o céu e Deus, no Africanismo). Trazendo assim, a força vital e serenidade do alto, havendo predominância dos elementos eólicos, já que está no todo das montanhas.
Mar: Sítio vibracional de Iemanjá. Tudo no mar é movimento. Seu incessante vai e vem é a própria pulsação da vida, com sua expansão e contração, cheia e vazante, levando tudo o que é negativo, transformando-o e devolvendo convertido em positivo. Seu próprio som expressa essa possante e magnífica transformação. A praia é condensadora, plasmadora, fertilizante e propiciatória. Faz um potente equilíbrio elétrico, desimpregnando, descarregando excessos e promovendo o equilíbrio da energia interna do indivíduo.
Rio e cachoeira: Na linha das mães, corresponde ao sito vibracional de Oxum. Condutor, fluente, sem ser condensador, faz as energias fluírem, e também vitaliza. É muito importante numa purificação astrofísica do indivíduo e na eliminação da energia interno do indivíduo. Também encontramos como sítio vibracional de Oxum a cachoeira, onde encontramos elementos coesivos das pedras (mineral) e água potencializada na queda da cachoeira, que produzem ou conduzem várias formas de energia. Como as águas fluem num só sentido, purificam, descarregam, vitalizam, equilibram e fortalecem o indivíduo como um todo (no físico-etérico).
Ventos e tempestades: Ainda na linha das Mães, achamos a guerreira Iansã. Ela comanda os ventos e tempestades levantando todo o mal e levando embora. A mudança é uma característica forte deste orixá, já com seus ventos modifica toda a estrutura que toca.
Lama e pântanos: Nanã Buruque, outro orixá correspondente a linha das mães é a correspondente a este sítio vibracional. Chamada de avó dos Orixás, Nanã Buruque tem como atributos a fecundidade, a riqueza e o ciclo de morte e renascimento. Seu domínio é a lama, mistura de terra e água que simboliza a origem da vida.
Mata: Corresponde ao sítio vibracional de todos os caboclos da linha de Oxóssi. A mata condensa prana (energia vital), restabelece a fisiologia orgânica, principalmente a psíquica, fortalece a aura, o campo astral, o eletromagnetismo, a saúde, o mediunismo, plasmando forças sutis.
Caminhos: Todas as estradas são guardadas por Ogum. Ele está em todos os caminhos, está ligado a linha dos guardiões. Tem a coragem, a força e a impetuosidade como atributos. Segundo os africanos, foi o criador do ferro e da metalurgia, tendo aberto novas perspectivas (caminhos) para a civilização humana.
Pedreira: Sítio vibracional relativo à Xangô, também chamado de Rei da pedreira. Reestrutura a forma, regenera, fixa, condensa, plasma e dá resistência mental, astral e física ao indivíduo.
Jardim: As crianças adoram lugares amplos, com muitas flores coloridas onde podem esbanjar energia de alegria e se conectar com Deus através da beleza do lugar e da inocência do ser. Por este motivo os jardins foram escolhidos pela falange de Yori como sítio vibracional da linha de trabalho.
Cemitério: Diferente do que possam pensar o cemitério também é um lugar de mudança e tranquilidade. O corpo que ali se encontra, já foi recipiente para uma alma que agora busca novas realizações de outra maneira no plano espiritual. Yorimá é também conhecida como a linha das almas, trazendo a sabedoria da vida e da morte nas palavras de ensinamentos que nos proporciona.
Influência dos Orixás no ser humano
Nós, seres espirituais manifestando-se em corpos físicos, somos influenciados pela ação dessas energias desde o momento do nascimento. Quando nossa personalidade (a personagem desta existência) começa a ser definida, uma das energias elementais predomina - e é a que vai definir, de alguma forma, nosso "arquétipo".
Para um espírito encarnar são consultados os futuros pais durante o sono, quanto à concordância em gerar um filho, obedecendo-se à lei do livre arbítrio. Tendo o casal concordado, começa o trabalho de plasmar a forma que esse espírito usará no veículo físico. Esta tarefa é entregue aos poderosos Espíritos da Natureza, sendo que um deles assume a responsabilidade dessa tarefa, fornecendo a essa forma as energias necessárias para que o feto se desenvolva, para que haja vida.
A partir desse processo, o novo ser encarnado estará ligado diretamente àquela vibração original.
Os Elementais trabalham incessantemente nesse período, cada um na sua respectiva área, partindo do embrião até formar todas as camadas materiais do corpo humano, que são moldadas até nascer o novo ser com o seu duplo etérico e corpo denso.
De acordo com nossas necessidades evolutivas e carmas a serem cumpridos, a cada nova reencarnação, somos responsáveis por diferentes corpos, e para cada um destes podemos contar com o auxílio de um Espírito da Natureza, um Orixá protetor.
Após o nascimento, essa força energética vai promovendo o domínio gradativo da consciência da alma e da força do espírito sobre a forma material até que seja adquirida sua personalidade por meio da Lei do livre Arbítrio.
A partir daí essa energia passa a atuar de forma mais discreta, obedecendo a esta Lei, sustentando lhe, contudo, a forma e energia material pela contínua manutenção e transformação, no sentido de manter-lhe a existência.
Orixás de Frente, Ancestral e Adjunto
Orixá Ancestral é aquele que magnetizou o ser assim que este foi gerado por Deus e o distinguiu com sua qualidade original e natureza íntima, imutável e eterna. Também chamado de orixá de nascimento.
Orixá de frente é aquele que rege a atual encarnação do ser e o conduz numa direção no qual o ser absorverá sua qualidade e a incorporará às suas faculdades, abrindo-lhes novos campos de atuação e crescimento interno permanente, chamado também de orixá de trabalho, pois é o responsável pela parte mediúnica do ser encarnado.
Orixá Adjunto é aquele que forma par com o Orixá de frente, apassivando ou estimulando o ser, sempre visando ao seu equilíbrio íntimo e crescimento interno permanente. Entretanto, o ser humano pode trabalhar em todas as linhas, dependendo das necessidades de evolução e crescimento que este ser enfrenta diante de si. Isto quer dizer, trabalhamos todas as forças da natureza dependendo de nossa dificuldade atual. Se for fundamental manifestar a força e coragem na pessoa, ela trabalhará com a energia de Ogum, que lhe trará toda esta carga energética de fortaleza, mesmo que o Orixá de nascimento e o de frente sejam diferentes. É também chamado de adjuntos.
A cada encarnação, há troca de regência, ou seja, um novo Orixá será responsável pela condução do ser. E nessa troca, os seres vão evoluindo e desenvolvendo faculdades relativas a todos os Orixás.
Podemos identificar a ancestralidade de alguém observando o olhar, as feições, os traços, os gestos, a postura, entre outras características, pois estes sinais são oriundos da natureza íntima do ser, apassivada pela regência de encarnação, mas não anulada por ela. Já o Orixá Adjunto pode ser identificado nos gestos e nas iniciativas das pessoas, já que é por intermédio do emocional que ele atua.
Fonte: http://luzdearuanda.com.br
Polígrafo de Estudos da Ass. Uni. Luz de Aruanda.
Umbanda Pé no Chão, Norberto Peixoto / Ramatís - Ed. do Conhecimento.
Orixás na Umbanda 1
Para os iorubás, a tradução literal de Orixá poderia ser: “Senhor da cabeça” ou “Senhor da luz” (Arashá: Ara = Luz + Shá = Senhor/ Orixá: Ori = Cabeça + Xá = Senhor). Na verdade, acho impossível falar sobre Orixás sem considerarmos o contexto histórico e cultural das religiões africanistas, que mencionaremos modesta e superficialmente: “uma visão simplificada”, conforme anuncia o subtítulo.
Esse contexto é o reforçador do entendimento, para muitos umbandistas, de que os Orixás são espíritos altamente evoluídos e que já tiveram existência corpórea na Terra. Entretanto, também há aqueles que afirmam que Orixás são emanações da energia divina, como diferentes aspectos dessa mesma energia, e nunca foram “pessoas”, nunca foram seres humanos individualizados. Por outro lado, existem até versões que vislumbram, nos Orixás, semelhanças e identificações com divindades de culturas muito antigas: para os defensores dessa vertente, podemos citar, como exemplo, a correspondência entre Zeus (deus grego do trovão e dos raios, impulsivo e sensual, que tem como símbolo um machado duplo) e Xangô: divindade iorubá que governa raios e trovões, amante ardoroso, que tem como símbolo um oxé (machado de duas lâminas).
A polêmica não é pequena, e já deu curso a inúmeros debates acalorados. Não temos a resposta final, mas respeitamos as diferentes versões apresentadas pelos estudiosos da Umbanda.
Os Orixás africanos: uma visão simplificada
Originariamente, o conceito de Orixá poderia ser entendido como um objeto de culto à ancestralidade dos iorubás, com a transformação em divindade de um determinado antepassado – não qualquer um, mas aquele com descendência numerosa e socialmente importante para a comunidade.
Essa “divinização” ocorreria em um momento de paroxismo existencial ou emocional (raiva, medo, tristeza). Ogum, por exemplo, antigo soberano da localidade de Irê, teria se transformado em Orixá depois de transtornado por culpa, arrependimento e tristeza, após um ataque de fúria que o fez aniquilar sua cidade.
Quanto a Xangô, segundo consta, teria chegado à divinização como Orixá ao deixar seu reino, Oyó, com a companhia da esposa Oiá, sentindo-se abandonado e desmerecido. Essas situações dramáticas, esses momentos de profunda transformação na vida do indivíduo, levariam, entre outras coisas, à aquisição de vínculos com objetos ou forças da natureza. A atribuição do controle dos raios a Xangô, a representação da pedra do raio (e das pedreiras como seu ponto de força), por exemplo, teriam explicação nessa associação de poder divino (e desses objetos ou forças) ao Orixá.
A história desses processos de transformação do humano em divino deu origem a uma série de lendas, que registram a atribuição de características peculiares ao personagem, como a manipulação dos metais a Ogum, ou a caça e seus apetrechos a Oxóssi. O poder excepcional e a raiz familiar atribuídos ao Orixá explicam a sua “força” e dão um sentido comunitário ao culto, que acaba assumindo uma distribuição regional bastante marcada: em algumas regiões da África, estão presentes divindades que não estão em outras localidades. A posição de destaque de um Orixá vai depender, então, das características históricas, políticas e culturais de uma dada região; papéis atribuídos a uma determinada divindade podem ser assumidos por outra, de acordo com sua importância local.
Iemanjá, por exemplo, era muito cultuada na região de Egbá e muito pouco em Ijexá, onde predomina o culto a Oxum.
Ainda descrevendo seu surgimento como figura mítica, ao evoluir da condição humana para a divina, o Orixá passaria a utilizar-se do corpo físico de um de seus descendentes (o elégùn) para manifestar-se, reassumir características de sua personalidade original e desempenhar o papel simbólico de “ancião”, responsável por resolver problemas, arbitrar conflitos, reforçar normas de conduta e manter a harmonia do grupo social.
Equalizando a atuação dos diversos Orixás, estaria Olodumaré, o Deus Supremo, inalcançável pelos humanos, cujas necessidades deveriam ser contempladas pelos Orixás, criados por ele para essa função e investidos de atribuições/ papéis/ferramentas particulares a cada um (a guarda das pedreiras/ o exercício da justiça/ o uso do machado - no caso de Xangô), numa espécie de representação das manifestações da natureza e do poder divino. Reunidas, as diferentes características dos Orixás acabam representando um conjunto de arquétipos, complementares entre si.
As religiões africanistas no Brasil e o sincretismo religioso
Durante mais de três séculos, milhares de africanos - tornados cativos - foram trazidos ao Brasil. Sua presença agregou à cultura brasileira elementos presentes até hoje na linguagem, na culinária, nas tradições sociais... e na religião – esta, a princípio, como um efeito inesperado: era indesejável, até certo ponto, o “culto estranho a divindades estranhas”; inúmeras iniciativas de doutrinação católica e de repressão aos cultos africanistas estão registradas na História. Por outro lado, nuances distintas de crença caracterizavam as diferentes nações (kêto, nagô, etc).
Então, até certo ponto, a prática religiosa de raiz tribal era incentivada pelos escravagistas como forma de manter certo senso de identidade e rivalidade entre as diferentes etnias cativas – não como uma forma de condescendência inocente, mas como uma avaliação calculista de que estimular dissonâncias e rivalidades étnicas era um instrumento de fragmentação social entre a população escrava, impedindo a formação de grandes grupos e o surgimento de revoltas e levantes.
Por outro lado, numa permanente ambivalência, havia a necessidade de “catequização” dos cativos, atendendo a finalidades diversas: era uma afirmação “aceitável” para justificar a vinda de tantos africanos às terras brasileiras; era, também, recomendável evitar que os negros sofressem o mesmo processo por parte de colonizadores protestantes que ameaçavam infiltrar-se no território (fazia-se imperioso catequizá-los antes que os protestantes o fizessem). Por fim, ainda havia o medo das crenças africanistas, julgadas bárbaras.
A contradição e a ambivalência entre os movimentos de catequização compulsória e de tolerância calculada permaneceram como um pêndulo, oscilando durante todo o período da escravatura. Pergunto-me se essa ambivalência não estaria refletida, até hoje, no olhar de grande parte da população brasileira – que às vezes procura a Umbanda ou o Candomblé quando necessário ou urgente, mas não deixa de se afirmar espírita, católica, protestante ou o que seja, quando indagada sobre sua confissão religiosa.
O alvorecer da Umbanda e as menções aos Orixás
Em seu livro “O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda”, publicado em 1933, Leal de Souza faz esta menção aos Orixás na Umbanda:
“Cada uma das sete linhas de umbanda e demanda tem vinte e um orixás.
O orixá é uma entidade de hierarquia superior e representa, em missões especiais (...) o alto chefe de sua linha. (...)
Os orixás não baixam sempre, sendo poucos os núcleos espíritas que os conhecem. (...) Em oito anos de trabalhos e pesquisas, só tive ocasião de ver dois orixás, um de Euxoce (Oxóssi), o outro de Ogum, o orixá Mallet.”
O livro anterior de Leal de Souza, “No Mundo dos Espíritos”, foi escrito em 1925 e seria o primeiro livro conhecido a fazer referência ao vocábulo Umbanda; nele, porém, não há citações referentes a Orixás. Pelo que vimos, no entendimento do autor, seriam espíritos de grande elevação, manifestando-se mediunicamente em ocasiões excepcionais. Muitos umbandistas, ainda hoje, pensam dessa forma, provavelmente derivada dos cultos africanos originais.
Os Orixás na Umbanda Esotérica
A corrente de pensamento que defende a chamada Umbanda Esotérica começou a se formar logo nas primeiras décadas do século XX, notoriamente durante o “1º Congresso Brasileiro do Espiritismo de Umbanda”, em 1941. Confesso minha incapacidade de compreensão de conhecimentos tão herméticos; acho sempre uma incógnita ler autores esotéricos, mesmo os recomendados pela minha Casa, como W. W. Matta e Silva. Alguns dirão que esoterismo é assim mesmo, que conhecimentos muito profundos são para poucos, que os iniciados precisam trilhar um longo caminho para ter acesso a um saber oculto, etc. Bem, se é assim, fico aqui me contentando em absorver a coisa toda pelas “beiradas” e apresentando os conteúdos que encontrei; fico devendo maiores interpretações de minha parte.
Podemos começar com F. Rivas Neto. Em seu livro, “Umbanda Proto-síntese Cósmica”, existe uma divisão de Orixás nestes sucessivos graus de hierarquia: “Orisha” Virginal, Causal, Refletor, Original, Supervisor, Intermediário e Ancestral.
Pelo que pude entender, os Orixás que formam as Sete Linhas da Umbanda como conhecida na literatura (“Orixalá, Ogum, Oxóssi, Xangô, Yorimá, Yori e Iemanjá“) ocupam o status de Orisha Ancestral. Aparentemente, os Orishas descritos pelo autor são emanações da Divindade Suprema:
Nesse mesmo Cosmo Espiritual havia uma realidade acima de todos os Seres Espirituais, sendo essa a realidade absoluta, o Supremo Espírito, o Qual denominamos, sem defini-lo ou limitá-lo, como Deus. Assim, nesse Cosmo Espiritual, a Suprema Luz Espiritual estende suas Vibrações Espirituais aos primeiros 7 Puros Espíritos, na chamada Coroa Divina, ou seja, aquelas Potestades de Sublime Luz que estendem suas Vibrações a todos os Seres do Cosmo Espiritual. São os 7 Espíritos Virginais por nós denominados ORISHAS VIRGINAIS.
Roger Feraudy, por sua vez, é conhecido por seu rico trabalho artístico na área musical (integrou o conhecido Samba Trio) e por sua dedicação à Umbanda Esotérica na Fraternidade do Grande Coração; autor de vários livros, entre eles “Umbanda, essa desconhecida”, no qual declara:
Os Orixás são os grandes arquitetos siderais ou construtores de sistemas solares, e nós, seres humanos, devemos a eles nossa evolução intelectual e física.
São também chamados de Hierarquias Criadoras e se ocupam da construção do Universo. Completaram sua própria evolução em idades e universos pretéritos. Poderíamos dizer que, em épocas imemoriais, foram indivíduos como nós (guardadas as devidas situações de cada época, impensáveis para o homem atual).
Orixás são divindades, também conhecidos como os Mensageiros do Senhor ou Luz do Senhor ou ainda As Sete Emanações do Senhor. A origem do nome Orixá vem da palavra Purushá, do idioma sânscrito, o idioma sagrado que deu origem a todas as línguas, em sua raiz.
Já para o conhecido autor Rubens Saraceni:
A Umbanda prega que as divindades de Deus (os orixás) são seres Divinos dotados de faculdades e poderes superiores aos dos espíritos e tem nelas um dos seus fundamentos religiosos, recomendando o culto a elas e a prática de oferendas como uma das formas de reverenciá-las, já que são dissociadas da natureza terrestre ou Divina de tudo o que Deus criou.
O autor descreve a existência dos Sete Tronos de Deus: Trono da Fé (representado por Oxalá); o Trono do Amor (Oxum); o Trono do Conhecimento (Oxossi); o Trono da Justiça (Xangô); o Trono da Lei (Ogum); o Trono da Evolução (Obaluaê) e o Trono da Geração (Iemanjá).
Como vimos, não há correspondência exata entre os Tronos de Deus e as Sete Linhas mencionadas normalmente pela doutrina umbandista. O autor faz uma descrição dessas instâncias, que exemplifico aqui:
Xangô é o Orixá da Justiça e seu campo preferencial de atuação é a razão, despertando nos seres o senso de equilíbrio e equidade, já que só conscientizando e despertando para os reais valores da vida a evolução se processa num fluir contínuo.
Até aí, tudo bem, né? Meu problema com os textos de Saraceni começam quando ele vai se aprofundando:
O Trono Regente Planetário se individualiza nos sete Tronos Essenciais, que projetam-se energética, magnética e vibratoriamente e criam sete linhas de forças ou irradiações bipolarizadas, pois surgem dois polos diferenciados em positivo e negativo, irradiante e absorvente, ativo e passivo, masculino e feminino, universal e cósmico.
Uma dessas projeções é a do Trono da Justiça Divina que, ao irradiar-se, cria a linha de forças da Justiça, pontificada por Xangô e Egunitá (divindade natural cósmica do Fogo Divino).
Na linha elemental da Justiça, ígnea por excelência, Xangô e Egunitá são os polos magnéticos opostos. Por isto eles se polarizam com a linha da Lei, que é eólica por excelência. Logo, Xangô polariza-se com a eólica Iansã e Egunitá polariza-se com o eólico Ogum, criando duas linhas mistas ou linhas regentes do Ritual de Umbanda Sagrada.
O Orixá Xangô é o Trono Natural da Justiça e está assentado no polo positivo da linha do Fogo Divino, de onde se projeta e faz surgir sete hierarquias naturais de nível intermediário, pontificadas pelos Xangôs regentes dos polos e níveis vibratórios intermediários da linha de forças da Justiça Divina. Estes sete Xangôs são Orixás Naturais; são regentes de níveis vibratórios; são multidimensionais e são irradiadores das qualidades, dos atributos e das atribuições do Orixá maior Xangô.
Então, né… acho que não peguei o “espírito da coisa”. Deve ser limitação minha. Muita gente curte o trabalho do Saraceni e utiliza seus conhecimentos com desenvoltura. Afinal, se o problema é hermetismo, o que não dizer de W. W. Matta e Silva? Autor consagrado, de influência notória dentro da Umbanda de orientação esotérica, Pai Matta deixou vários livros, como “Umbanda de Todos Nós”:
Vamos começar, portanto, demonstrando que SETE são realmente as Vibrações Originais ou Linhas e de SETE em SETE são os Orixás de cada uma.
Antes, porém, vamos dar uma definição do que sejam VIBRAÇÕES:
São as manifestações de uma LEI em harmonia, que afere o Número, o Peso, a Quantidade e a Medida, do Átomo aos Turbilhões, emanadas em origem pelos SETE Seres de pura luz espiritual, ou seja, os SETE Espíritos de Deus (…)
Esta palavra, que é ORISHÁ ou ORISÁ, foi por contração, extraída da primitiva ORISHALÁ ou ORISA-NLÁ e tem sua origem nas línguas Árabes, Persa, Egípcia, Sânscrita, Vatan ou Adâmica etc., que havia chegado à raça negra, de outros povos, especialmente dos Árabes… (…)
Os Sete Espíritos de Deus coordenam essas vibrações que regem o movimento no Cosmos para todo os sistemas planetários, ou seja, do original, o Universo Máter (esta definição está “clara e hermética”. Depende do evolutivo de quem a leia).
Ficou esquisito? Pois é, como se trata de uma citação, conservei as maiúsculas, a caixa-alta e as frases exatamente como estão: sim, leitor, o texto é confuso – tanto pelo estilo peculiar (muita maiúscula, muita viagem, muita sucessão de ideias que vão, vão, vão e não voltam ao assunto proposto) quanto pelo próprio conteúdo, já que Orixá é mesmo um assunto complicado – como tudo o mais que se lê num livro de Matta e Silva. Deixo claro que não é desaprovação: é a confissão da minha incapacidade de compreender, fazer o quê?
Na verdade, podemos encontrar termos utilizados por Matta e Silva, Rivas Neto e Roger Feraudy nas obras da Teosofia, conjunto de conhecimentos filosóficos e religiosos sistematizados por Helena Blavatsky.
Autores como Madame Blavatsky e Charles Webster Leadbeater publicaram numerosos livros sobre o assunto, e até hoje inúmeros estudiosos se esforçam para compreender esses conhecimentos, reunidos em sociedades e agremiações pelo mundo todo. Uma delas é a Sociedade Teosófica no Brasil. Muitas informações contidas nos autores da Umbanda Esotérica aparecem em obras como “A Doutrina Secreta”, “Glossário Teosófico” e muitas outras. Confesso que arrisquei a leitura d’A Doutrina Secreta, mas sucumbi à minha ignorância e às minhas limitações. Quanto ao Rubens Saraceni, não consegui encontrar fontes bibliográficas que possam ter dado raiz à sua produção literária. Tive a impressão de que se trata de material da lavra pessoal do autor e de seus longos anos de experiência sacerdotal. Acho que, no cenário atual, a Umbanda Esotérica ainda é para a compreensão de poucos, mesmo que merecedora de estudo e admiração.
Encontrei maior facilidade com as explicações de Ramatis:
“Os orixás são aspectos da Divindade, altas vibrações cósmicas que se rebaixam até nós, propiciando a apresentação da vida em todo o Universo. Cada um dos orixás tem peculiaridades e correspondências próprias na Terra: cor, som, mineral (…) que fundamentam a magia na Umbanda por linha vibratória” (“A Missão da Umbanda”).
E, por fim, encontrei mais alento nas palavras da querida Mãe Iassan Ayporê Pery, dirigente do Centro Espiritualista Caboclo Pery, em sua obra Umbanda Mitos e Realidade:
A compreensão básica de Orixá na Umbanda é de um complexo de energias, manifestado na terra através da força da natureza criada por Deus.(...)
A Umbanda cultua um único Deus, logo é monoteísta e os Orixás não são divindades ou semideuses, mas sim, complexos vibratórios e energéticos, criados e emanados do Astral Superior, (...)
Ordinariamente entendemos a manifestação do Orixá, através das forças da natureza, é o máximo que conseguimos, pois em sua essência verdadeira é pura luz. E como entender isso? É como querer entender e explicar Deus, tarefa impossível a qualquer um de nós. (…)
Temos a tendência a acreditar ou pensar que cada Orixá é o reino ao qual está associado, entretanto Orixá é muito mais do que isso, e é exatamente esse “muito mais do que isso” que não conseguimos explicar em palavras; mas, grosseiramente falando, é o amor de Deus espalhado e ao mesmo tempo condensado em 7 raios básicos, destinados ao planeta Terra, que objetivam, ao chegarem aqui traduzidos pelos diversos planos e sub-planos pelos quais passaram, nos auxiliar no nosso karma, e que se manifestam através das forças e reinos da natureza. O Orixá está na natureza, mas não é apenas a natureza. (…)
Na realidade o que a Umbanda fez foi “organizar” as manifestações divinas, em uma linguagem que pudéssemos compreender. (…)
Impressão pessoal
Acredito que, ao contrário da crença iorubá ou das palavras de Leal de Souza, os Orixás propriamente ditos não são nossos ancestrais desencarnados ou espíritos diferenciados, que se destacaram quanto à velocidade do processo evolutivo. Por outro lado, se pensarmos que constituem um grupo de seres inteligentes, é questão de lógica imaginarmos que, um dia, foram criados “simples e ignorantes” como todos os demais espíritos – mesmo que há “milhões de milênios”, na noite dos tempos. Pelo menos, é o que encontramos na Questão 115 do “Livro dos Espíritos” de Allan Kardec.
Acrescento que achei sensacionais as palavras de Mãe Iassan; deu seu recado de forma simples e objetiva (quisera eu ter esse dom, e talvez entediasse menos os meus leitores…). Se tivesse que escolher uma abordagem, ficaria com ela. Acredito, também, que, apesar de não devermos deixar de lado o estudo e a reflexão sobre o assunto, precisamos manter a busca pelo contato com a irradiação divina que todos nós recebemos por parte dos Orixás, a todo momento. Creio que isso seja indispensável, e todos deveríamos ter uma imagem mental, uma referência, um “link” rápido para conexão com os Orixás. No que você pensa, por exemplo, ao ouvir um ponto de Oxóssi? Que imagem vem à sua mente quando faz uma prece a Iemanjá? E Nanã? Que sentimentos ou sensações físicas aparecem ao concentrar sua atenção no congá, na imagem de Jesus representando Oxalá? Afinal, quem são essas figuras pra você? qual a importância delas na sua vida, no seu cotidiano?
A reflexão não acaba aqui – muito menos o assunto: novos posts falarão um pouco sobre as Sete Linhas de Umbanda, os Orixás que cultuamos (e suas características), algumas considerações sobre Orixás de cabeça e de nascimento… e o que mais conseguir encontrar. É material pra mais de metro, mas em tempo oportuno vamos publicar aqui no blog!
Texto do blog do Triângulo da Fraternidade
FONTES:
Pierre Fatumbi Verger, “Orixás”, Editora Corrupio, 2002
Leal de Souza, “O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda”, Editora do Conhecimento, 2008 (2ª edição)
F. Rivas Neto, “Umbanda Proto-síntese Cósmica”, Editora Pensamento-Cultrix, 2007
Roger Feraudy, “Umbanda, essa desconhecida”, Editora do Conhecimento, 2006
Rubens Saraceni, “Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada”, Editora Madras, 2003
W. W. Matta e Silva, “Umbanda de Todos Nós”, Icone Editora, 2009
Norberto Peixoto, “A Missão da Umbanda”, pelo espírito Ramatis, Editora do Conhecimento, 2006
Mãe Iassan Ayporê Pery, “Umbanda Mitos e Realidade”, disponível para download no site do Centro Espiritualista Caboclo Pery.
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